Os métodos de pressão política contam com grande variedade de formas.
Algumas são comuns a todos os povos.
As passeatas são o exemplo mais constante.
Todas as sociedades saem em passeata para protestar.
Aqui e por toda a parte.
Maneira comum é, ainda, o abraço em torno de um monumento ou prédio público.
As pessoas se reúnem e de mãos dadas colocam-se no entorno de um determinado bem.
Os apitaços são conhecidos por toda a parte.
Sibilar é maneira de chamar atenção e irritar a autoridade.
Os panelaços, surgidos na Argentina, estenderam-se para outras latitudes.
Indicam panelas vazias e paciências a transbordar de indignação.
Há os exemplos clássicos:
A greve, o lockout, o uso de tarja de determinada cor para apontar posicionamentos.
No Paraguai, explodiu uma nova e inusitada maneira de protestar.
Trata-se do escrache.
Os opositores de uma autoridade, para demonstrar sua indignação, reúnem-se em grupos, em frente da residência da figura-alvo.
Gritam e escracham, isto é, lançam frases e dísticos sobre as paredes do imóvel.
É ato de violência moral e, por vezes, física.
Demonstra, a saciedade, a contrariedade causada pela personalidade atingida.
O escrache tem um componente de violência.
Não se coaduna com as boas práticas democráticas.
Cansados de desmandos, os povos descobrem formas novas de protestar.
As clássicas não surtiram efeitos.
Seria bom que a moda paraguaia – o escrache – não se espalhasse pelo Brasil.
Já estamos escrachados demais.
Referência.
Escrachar: 2 – desmoralizar (alguém) revelando seus desígnios ocultos; repreender, passar descompostura, esculachar, esculhambar. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa – Editora Objetiva. Rio de Janeiro – 2001
Escrachar: tr. Coloq. Arg. Y Ur. Romper, destruir, aplastar. Dicionario de laLenguaEspañola – Real Academia Española 22º edicion – 2001.
São múltiplas as variáveis que incidem sobre a ação política.
Os acontecimentos econômicos.
Os costumes em mudança acelerada.
Os desejos individuais e coletivos.
E um sem número de outros fatores.
Neste cenário de infinitas situações, os estudiosos conceberam instituições.
Buscaram conferir espaços de solidez em campo movediço.
Atingiram muitas vezes seus objetivos.
Em momento dramático, quando os impulsos revolucionários levaram ao rompimento de bases sólidas antes consolidadas, explodiram novas figuras jurídicas, no campo da política.
Aí esta, presente em todos os povos, a representação popular.
Por ela, um determinado cidadão recebe de seus iguais poderes para agir com extensos limites.
É o mandato livre, segundo os autores que tratam do tema.
Sua formulação se deu nos contornos da Revolução Francesa.
Sua adoção e propagação foi plena.
Não encontrou contestação.
A boa doutrina e a melhor prática impõe o mandato livre, dizem os especialistas.
Grande falácia.
Hoje, nossos parlamentares – aqui e por toda a parte – são titulares de mandatos imperativos ocultos.
Recebem determinações de seus financiadores.
Cada deputado representa o interesse de pessoas ou grupos.
Jamais do povo como um todo.
Uns representam o agro negócio.
Outros a indústria em seus variados setores.
Muitos os bancos e o mercado financeiro.
Alguns os segmentos religiosos.
E assim infinitamente.
Só não possui representação o detentor da soberania: o povo.
O povo confere mandatos livres e, por passe de mágica ( ou de pecúnia) estes se tornam imperativos.
Vive-se, pois, com os atuais contornos da representação dita livre, uma grande mentira.
Aqui, uma constatação, na política, e em seus institutos, encontram ficções jurídicas aceitas por inércia.
O povo, no passado, deferiu a terceiros sua soberania e foi fraudada por mandatários inescrupulosos.
Examinem a composição de nossas Casas Legislativas e encontrarão representantes dos mais variados setores.