SER LIVRE | CEPES
Em sofisticados ambientes acadêmicos ou em simples rodas de amigos, um tema é comum.
A democracia e suas fragilidades.
Todos estão de acordo em um ponto: a democracia é o regime da liberdade.
Aí esta sua fragilidade.
Paradoxalmente, a liberdade, seu principal atributo, fragiliza à democracia.
As pessoas, durante séculos, viveram sobre o manto do dogma.
A autoridade oferecia sua verdade e esta era absoluta.
Valia para a autoridade religiosa e se expandia para a civil.
Os meios de comunicação eram precários.
Apenas a imprensa divulgava notícias e opiniões.
Os jornais, por sua vez, eram lidos por pequenos grupos sociais, quase sempre colocados no vértice econômico.
Ainda assim, como hoje, toda mídia, mostrava-se parcial e preconceituosa.
A grande massa permanecia marginalizada e temente de uma única denominação religiosa.
Nada de livre pensar.
Ao contrário, valia o pensamento único e abrangente.
Dentro deste panorama, conhecemos inúmeras ditaduras.
Estas, por bem ou pela força, mantiveram o preceito da unidade de pensamento.
Um único receituário de ideias para todos os atos do viver em sociedade.
De trinta anos para o presente, tragados por uma onda universal, os brasileiros passaram a receber informações das mais variadas origens.
Nada se manteve estático.
Nenhum dogma foi preservado.
Tudo se discute.
Já não há uma religião hegemônica.
Tudo antes era decidido pela autoridade – civil ou religiosa -, hoje, ao contrário, cada um decide, por si, o seu destino.
A mudança, fruto da liberdade, é radical.
Claro que positiva.
Cada pessoa é senhora de sua existência, para o bem ou para o mal.
Conduz, contudo, a uma fragilidade pessoal.
Pensar e decidir é sempre atividade extenuante.
Cansa.
Os brasileiros – e, assim, por toda a parte – as pessoas estão exauridas de tanto decidir seus passos.
Esta exaustão se reflete no cenário político.
Aqui e por toda a parte a cidadania encontra-se perplexa e exausta.
Quer, por vezes e inconscientemente, alguém que resolva seus problemas individuais ou coletivos.
Aí o erro.
Um minuto de reflexão indicará a importância de se viver livre, sem grilhões e sem temor com as futuras chamas do inferno.
Caminhar por seus próprios impulsos é o que faz a pessoa uma singularidade.
Só os fracos precisam do suporte de condottieres.
Cada um de acordo com sua vocação é o ganho de se conviver na democracia.