Uma tradição nacional.
Ficar de costas para seus vizinhos.
Desconhecemos os acontecimentos latino americanos.
Estamos sempre de olhos voltados para o hemisfério norte.
Antes,mazombos saudosos da longínqua Europa.
A moda passou.
Agora, todos nostálgicos dos costumes norte-americanos.
Esquecem a complexidade do mundo.
As múltiplas realidades.
Algumas merecedoras de atenção.
Ainda agora, neste domingo, 26 de agosto, nossa vizinha, a Colômbia, oferece bom exemplo.
Os eleitores daquele País foram chamados a responder uma consulta popular.
O tema: a anticorrupção.
Exatamente isto.
O combate à corrupção não limitado à atividade de iluminados.
Tarefa de toda a sociedade.
Louvável o cidadão ser convocado a participar da luta contra a corrupção.
Perguntar a cada eleitor o que pretende fazer contra hábitos perversos.
Colombianos compareceram às urnas.
Responderam
“sim”ou “não”
às seguintes colocações:
1. Deve se reduzir o salário dos congressistas e altos funcionários do Estado.
2. Aplicar cadeia para os corruptos – sem possibilidade de reclusão especial – e proibição para voltar a contratar com o Estado.
3. Contratações transparentes e obrigatórias em todo o País.
4. Rendas públicas aplicadas com a participação da cidadania.
5. Congressistas devem prestar contas de suas atividades, votações e ações.
6. Tornar públicas as propriedades e ingressos injustificados de políticos eleitos e retirar o domínio.
7. Limite para se manter no Poder: máximo 3 períodos em corporações públicas: Senado, Câmara Federal, Assembleias Legislativas e Câmaras Municipais.
Algumas destas medidas já se encontram previstas na legislação pátria.
Frise-se, o importante no caso:
Na Colômbia, a cidadania foi ouvida.
Aqui,há profundo temor da vontade popular.
Aplica-se, no Brasil, velho ensinamento.
Somos livres na hora de votar.
Permanecemos escravos durante o mandato de nossos representantes.
Exatamente isto.
Somos escravos durante largos períodos.
Os titulares de mandatos eletivos – alguns quase eternos – tornaram a soberania popular uma farsa.
Consultas populares, nem pensar.
Os nossos mandatários populares imaginam agir junto a um povo de mentecaptos.
Sábios, só os eleitos.
O exemplo da Colômbia, ao realizar costumeiramente consultas populares, precisa ressoar nesta margem atlântica do Continente.
Ganharão as práticas democráticas.
Pena que os eleitores colombianos não conferiram quorum para a consulta.
Compareceram 11 milhões e seiscentos mil.
Não foi suficiente para aprovação das sete medidas.