OUVIR À SOCIEDADE | CEPES
O déficit de participação política impõe o exercício da democracia direta.
O que somos?
Muitos pensadores procuraram interpretar o Brasil.
A maioria deles de origem abastada ou, então, marcados por ideologias.
Poucos avançaram pela realidade contemporânea.
Sempre examinaram, de acordo com a época em que viviam, uma sociedade rural.
Esta se dissolveu nas grandes cidades que marcam o mapa nacional em todos os quadrantes.
Este crescimento doentio de nossas cidades tornou-as desumanas.
Sem dimensão humana.
Um macabro conflito entre as regiões consolidadas e as em ebulição – marcadas pela pobreza – apontam para uma doença endêmica.
A miséria e a riqueza não podem conviver harmonicamente.
Excluem-se e confrontam-se inevitavelmente.
Se este confronto não for físico – a mera agressão, o furto ou o roubo – torna-se psicológico.
Os dois polos produzem curto-circuito.
É inevitável.
Exatamente isto que se dá, hoje, por todo o território nacional.
Vidas antagônicas se desenvolvem lado-a-lado.
Nas pequenas comunidades do passado, encontravam-se presentes autoridades definidas: o juiz, o padre e o delegado.
Hoje, nos grandes centros, estas personagens se apagaram.
Já representam pouco.
O juiz fala uma linguagem inacessível às pessoas comuns.
O padre sofre a concorrência de outras figuras religiosas.
O delegado, proletarizado, apenas procura sobreviver.
Se tanto não bastasse, a televisão mostra-se avassaladora na invasão das mentes.
Uma fábrica de malefícios.
Viver, em uma sociedade desestruturada como a nossa, é tarefa heroica.
Não sem motivo o aumento dia-a-dia do número de deprimidos e insatisfeitos.
Para coroar todo este panorama, ainda temos pela frente uma classe política, na maioria de seus membros, perversa.
Só pensam em seus próprios interesses pessoais e de sua clã.
O povo pouco importa.
As angústias sociais não atingem os políticos.
O Legislativo é composto de bons “palanqueiros”, interessados em preservar “boquinhas”.
Jamais pensam na sociedade como um todo.
O Judiciário – ah! o Judiciário – tornou-se o gerador de ideias esdrúxulas.
Acompanhar uma sessão do Supremo Tribunal Federal é conhecer novidades exóticas.
Urgentemente, precisa-se de soluções para o cotidiano nacional.
Racionalizar os serviços públicos.
Vigiar os políticos.
Ouvir o eleitorado por meio da democracia direta.
A representação popular – o avoengo mandato parlamentar – esta esgotado.
Tornou-se um ônus para a sociedade.
Há um déficit de participação cidadã.
É preciso que as conclusões parlamentares – nos casos de grande repercussão – sejam levados à população para decisão final.
Há assuntos que interessam ao cotidiano de cada um e, por isso, devem ser resolvidos individualmente.
Assim se obterá a vontade da coletividade.
Não dá para esperar muito mais.
A tragédia bate às nossas portas.
Só não vê quem não tem olhos de ver.
Na Era Digital é estúpido postergar a aplicação da democracia direta.
Com efetiva participação, a sociedade se tornará mais consciente e os políticos mais vigiados.
Dá para romper a letargia.
É só querer.