OS “HOMENS BONS” DE HOJE


Em São Paulo nenhum estrangeiro que a ela vá ter, por mais pobre que seja, deixa de ser recebido de braços abertos.

(missionários – Século XVII)

 

Há quatrocentos e oitenta e quatro anos preserva-se, nestas terras, o hábito de votar para vereador. brasao-da-cidade-de-sao-paulo-non-dvcor-duco-significado

Não é pouco.

É tempo suficiente para se praticar o ato cívico – de votar – com consciência cidadã.

É verdade que, quando a prática de votar, se iniciou, o colégio eleitoral era diminuto.

Apenas os chamados “homens bons” podiam ser sufragados e o eleitorado, por sua vez, era constituído por escasso contingente.

Apenas a chamada nobreza da terra podia participar dos colegiados municipais.

Era a nobreza da terra formada pelos altos funcionários, os proprietários de terras, membros do clero.

Enfim, eram eleitores e eleitos apenas os membros das oligarquias que, mesmo que por muitas vezes artificial, formavam a aristocracia nativa.

Conta o sociólogo que a exceção se colocava em São Paulo.

Desde sempre, neste município, os artesãos – a “gente mecânica” – integrou à Câmara Municipal.

Há razões.

Os que se consideravam da nobreza da terra, em São Paulo, partiam para o sertão e deixavam as atividades municipais para a gente do povo.

Assim ensina Oliveira Viana.

Desta observação, retiram-se consequências históricas.

Os paulistanos nunca fecharam espaços para quem trabalha.

Aqui, no interior da Serra do Mar, distante do litoral e longe da Corte, só o trabalho impulsionava as pessoas.

Conquistava-se – e se conquista – mediante o esforço diuturno, sem ver origem, raça ou religião.

Importa em São Paulo ser prestante e imbuído da vontade de vencer.

É a História que ensina.

Foi assim na época das entradas.

Manteve-se assim na grandes imigrações.

Não foi diferente ao receber milhões de brasileiros de outras regiões do País.

São Paulo é, por isto, diferente.

Aparenta ser frio e, na verdade, recolhe a todos e integra.

Esta notável capacidade de superar quaisquer obstáculos – própria dos paulistanos de origem ou adoção – será ainda uma vez testada.

Será no próximo dia 2 de outubro.

A prática advinda do primeiro município brasileiro – São Vicente – há quatrocentos e oitenta e quatro anos, se repetirá.

É bom se colocar atenção nesta constatação.

Os paulistanos têm obrigação cívica de votar com convicção.

Saber examinar a vida pregressa dos candidatos.

Perceber quem já foi útil à coletividade.

Registrar aqueles que se apresentam com arrivistas de ocasião.

Verificar os desejosos de exercitar apenas vaidade pessoal. Interesse egoístico.

Afastar os falsos profetas ou criadores de imagens meramente fantasiosas.

Os paulistanos devem continuar a fazer História e, a melhor maneira de agir, neste sentido, é escolhendo pessoas dignas para os cargos eletivos.

Já é tempo de qualificar a Câmara Municipal, herdeira de uma antiga presença em nossas práticas políticas.

Pode-se dizer:

Câmaras Municipais e Brasil nasceram juntos.

Hoje, os “homens bons” são todos aqueles que trabalham e participam.

É bom em São Paulo quem pertence à aristocracia do trabalho.

Pouco importa o sangue, a origem e a riqueza.

 

Imprimir