QUEM SERÁ A PRÓXIMA VÍTIMA?


Atingimos a plenitude da decadência. Quando o ser humano não é respeitado em seu direito de ir e vir livremente pelas ruas de suas cidades, a anomia torna-se rotina.

 

É a barbárie substituindo a civilização. As cidades brasileiras – e suas irmãs da América Latina – tornaram-se câmaras de extermínio. Basta dar uma passo e a pessoa está sujeita a ser exterminada.

 

Os manuais de moral apontam para o horror causado pelo homicídio. Em todos os tempos. Salvo, porém, nos tempos presentes. Morre-se por um nada. Vive-se por um fio.

 

As autoridades, em sua profunda capacidade de dizer sem falar, registram vitórias contra a criminalidade. O cidadão comum, desarmado e prestante, no entanto, se encontra desprotegido.

 

As nossas polícias tornaram-se reféns dos criminosos. Já não agem. Temem por seus atos, mesmo quando responsáveis. Tirou-se das corporações o espírito de corpo.

 

Os governadores fracassaram em matéria de segurança pública. Abdicaram de suas competências. Ai esta o caso do Rio de Janeiro, onde o Exército foi chamado para ocupar áreas conflagradas.

 

Deu no que deu. As tropas estão sofrendo agressões e estas levam a desmoralização das corporações. Policiamento é ação das polícias locais. Jamais das Forças Armadas.

 

Estas devem ser reservadas para missões mais nobres. A preservação das fronteiras nacionais. A manutenção da soberania sobre o território da federação.

 

Jamais devem as Forças Armadas ser utilizadas para operações internas. Estas não são seu escopo. Em má hora deu-se a intervenção militar no Rio de Janeiro. As consequências serão, em quaisquer hipóteses, negativas.

 

É deplorável a situação da segurança cidadã nas cidades brasileiras. Perdeu o Estado a capacidade de exercer o controle social. Encontra-se perdido.

 

Não poderia ser diferente. O esgarçamento do tecido social acelera-se em escala geométrica. As figuras públicas, em regra, apresentam-se como marginais de colarinho e gravata.

 

Explodem escândalos em todas as esferas da administração pública. Na administração direta ou nas estatais, é um oceano só de corrupção. Ora, a personalidade pública, em toda a parte, exerce um papel pedagógico.

 

Aqui, ao contrário, os administradores públicos costumeiramente dão exemplos de depravação no acompanhamento da coisa pública. Todos querem levar vantagem.

 

A sociedade brasileira não estava – como qualquer outra – preparada para o consumo depravado. Este cria necessidades artificiais. Provoca desejos desnecessários. Conduz a um estado de demência.

 

Os homicídios – e outros delitos – irão continuar aumentando. Chegará um momento de total instabilidade. Não basta oferecer circo ao povo. Copa do Mundo e Olimpíadas já não sensibilizam.

 

Ao contrário, enervam a todos que tem um mínimo de consciência. Não pode um país com carência expressiva se submeter a interesses comerciais de terceiros.

 

É ingênuo ou perverso. No caso nacional, é um típico produto da perversidade oriunda da megalomania. Gasta-se no supérfluo, enquanto o fundamental é esquecido.

 

Falta segurança. Não importa. Morre-se nas periferias e ruas centrais das cidades. Não importa. Vale o espetáculo. O falso espetáculo proporcionado por todos os interessados em apenas amealhar dinheiro.

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