Só a Deus se pode confessar …*
Em matéria publicada neste site, em 16 de setembro corrente, apresentou-se o nome da última ré da Inquisição portuguesa.
Depois de seu julgamento pelos inquisidores, aquela Corte eclesiástica foi extinta no ano de 1821.
Ana Joaquina da Encarnação, o nome da última pessoa submetida à Mesa de Lisboa.
Surgiram por parte dos leitores indagações.
Por que Ana Joaquina mereceu condenação?
Quem a denunciou ao Santo Ofício?
Boas perguntas.
Vãos as respostas:
Ana Joaquina, mulher solteira, pecou.
Não se sabe o grau do pecado.
Seria, no entanto, pecado grave e merecedor das penas do inferno.
Sentindo-se culpada, a rapariga de Leiria procurou seu confessor.
Erro grasso.
O confessor, apesar do segredo do ato, deu notícia do teor da confissão de Ana Joaquina à
Mesa de Lisboa.
Ana Joaquina tornou-se ré e processada.
Suas faltas foram consideradas graves.
A pena imposta à ré consistiu em elaborar uma declaração.
No documento, indicou:
O erro nasceu do coração.
Não da leitura de maus livros e trato com pessoas libertinas.
Não se conhece se Ana Joaquina delatou a terceiros.
Pessoas não foram delatadas por Ana para evitar as penas do inferno.
Bastou à ré arguir a própria culpa.
Mais informações:
Consultar o processo existente nos arquivos da Torre do Tombo, lá em Lisboa.
Referências.
Freitas Casanovas, C.F. de – Provérbios e Frases proverbiais do Século XVI – Instituto Nacional do Livro – Brasília – 1973.
Marcocci, Giuseppe e o. – História da Inquisição Portuguesa – Esfera dos Livros – Lisboa – 2016.