“… julgamento de retaliação sob máscara de legalidade.”*
No emaranhado de ruas e becos de São Paulo, acontecem descobertas surpreendentes.
Na velha Liberdade, bairro central da cidade, onde no passado se erguia a forca, hoje encontramos o vibrante comércio da gente asiática.
Japoneses, coreanos e chineses – cada povo com sua cultura – enriquecem a vida paulistana e permitem descobertas enriquecedoras.
As livrarias do bairro da Liberdade são únicas.
Repletas de exemplares contendo ideogramas indecifráveis pelos olhos ocidentais.
No entanto, aqui e ali, o novo.
Obras escritas em línguas exóticas traduzidas para o português.
Descobertas ricas e estimulantes.
Todos conhecem uma única versão dos acontecimentos da última grande guerra no Pacífico.
A registrada pelos vencedores, os norte-americanos.
Apresentam os japoneses como povo militarizado e fanatizado, inimigo do Ocidente.
É uma visão.
A concretizada por olhos orientais não chegou até estas plagas.
Uma só versão.
A dos vencidos manteve-se sepultada nos escombros de duas bombas atômicas lançadas contra civis japoneses.
Ou devorada por chamas das bombas napalm atiradas contra a indefesa população de Tóquio.
Crimes de guerra só praticam os vencidos.
Os vencedores, desde antiga Roma, são recebidos com louros e mentiras.
Nas livrarias da velha Liberdade, no entanto, é possível encontrar obras elaboradas pelos derrotados.
Registram as injustiças praticadas pelo Julgamento de Tóquio.
Nele, dirigentes japoneses foram julgados pelos vencedores e alguns levados a morte pela forca.
Muito grave, ainda.
A ruptura imposta às tradições japonesas pelos invasores.
Valores históricos e fundantes da vida no Japão feridos.
Procuraram impor uma religião em substituição ao xintoísmo.
A crença milenar dos japoneses no “caminho dos deuses”.
Os seus princípios se originam da literatura mitológica e histórica do povo.
O xintoísmo ensina viver em harmonia com a natureza e com todas as coisas.
A natureza, os seres humanos e todas as criaturas vivas são sagradas.
Além da violência contra as crenças do povo, ocorreu, com a ocupação, outra efeito grave.
A educação tradicional do Japão baseava-se no Édito Imperial de 1890.
Segundo este documento, a educação japonesa baseava-se em 12 virtudes, a saber:
- Tratar bem os pais e respeitar os ancestrais.
- Amizade entre irmãos.
- Contínua harmonia entre casais.
- Confiança mutua entre amigos.
- Moderação de conduta.
- Estender amor a todas as pessoas.
- Dedicação aos estudos e desenvolvimento de capacidades.
- Cultivo da sabedoria e virtude, desenvolver talentos.
- Desenvolver a personalidade.
- Prestar serviços à sociedade e à humanidade inteira.
- Obedecer a regras e respeitar a ordem social.
- Prestar serviços ao mundo com coragem.
Os ocupantes do Japão substituíram esta escala de valores por outra baseada nos modos de vida norte-americanos.
Violentaram profundamente a alma nipônica.
Geraram fragilidade na sociedade, após seis anos de presença em todos os campos da vida japonesa.
Dominaram os meios de comunicação.
Até hoje, os japoneses sofrem os resultados das ações contra seus valores históricos.
Conseguiram superar muitos dos traumas sofridos pela derrota na Guerra da Grande Ásia Oriental.
Perduram as dores morais.
A respeito, exemplar o livro de autores japoneses, residentes nos Estados Unidos.
Estudam e apontam as consequências dos terríveis acontecimentos do anos 40 do último Século lá no Extremo Oriente.
As guerras sempre deixam vestígios amargos.
Os japoneses são testemunhas desta realidade.
Basta ler: A Verdade sobre a Guerra do Pacífico.
Amargo testemunho.
Referências.
Koichi Mera, e os – A verdade sobre a Guerra do Pacífico – Por que o Japão lutou contra os Estados Unidos – Editora Jornalística União Nikkei Ltda. – São Paulo – 2015.
Say a little prayer – Religiões–Taschen – s/data
Juiz Murphy, da Suprema Corte dos Estados Unidos.