Restam os últimos dias de 2018.
Há o que comemorar?
A resposta é obvia.
Há.
As eleições correram com normalidade.
Os eleitos serão empossados em breves dias.
A aparência de liberdade se encontra preservada.
Este panorama de Poliana, porém, não diz tudo.
A efetiva realidade nacional possui traços preocupantes.
Perdeu-se o sentimento de hierarquia.
Cada corporação fala como se fosse tutora das demais.
Ministro do Supremo Tribunal despacha.
Membro das categorias locais do Ministério Público o contesta em público.
Não nos autos, portanto.
Ministro da mais alta Corte age como se não existissem 220 milhões de jurisdicionados.
Cada um, entre onze, faz o que entende.
Não acata decisões coletivas da própria Casa.
Desrespeita decisões judiciais, pois.
Nenhum traço de disciplina.
De acatamento as seus pares.
Assemelham-se, os ministros do Supremo Tribunal Federal,à figura cunhada por célebre autor italiano:
Una banda di dominatori illuminati.
Exatamente isto:
Um bando de dominadores iluminados.
Operam sem qualquer consideração aos valores sociais.
Aos princípios elementares do Direito.
Violam, por meio dos agentes policiais, domicílios.
Esquecem – assim agindo – singelas lições herdadas dos nossos antepassados.
Basta folhear as Ordenações do Reino.
Nelas se constatará a sacralidade conferida ao domicílio.
Os reis absolutistas preservavam o interior da casa de seus súditos.
Os agentes ditos democráticos se comprazem em violar espaços privados.
Sempre acompanhados da televisão predileta.
Os palácios governamentais – símbolo do Poder – não merecem respeito.
Governadores detidos em espaços privados.
Não se aguarda a chegada da autoridade a local comum.
Vale o espetáculo.
Pouco importa a respeitabilidade das instituições.
Processem-se os responsáveis por atos ilícitos.
Preserve-se, contudo, a dignidade dos espaços administrativos.
Vive-se tempos amargos.
Os justiceiros de ocasião adulteram a legalidade.
Caminho para o fascismo.
Nele, o Judiciário agia como uma trufa giuridica organizata d’ autorità.
Isto é, como mentira jurídica organizada como autoridade.
Uma falsificação da legalidade.
Esta é a senda que estamos percorrendo?
Muitos sintomas exigem resposta positiva.
A legalidade emerge, entre nós, de acordo com a fala jurisprudencial do dia.
A lei pouco importa.
A sociedade nada vale.
A vontade individual do julgador surge onipotente.
Este avançar sobre os direitos da cidadania precisa encontrar obstáculos.
A caminhada é insensata.
Levará a situações inimagináveis.
Viver arremedo de democracia é a pior das hipocrisias.
Estamos em acelerada velocidade.
Que o Natal sensibilize os poderosos.
Abra espaços de respeito.
Ilumine as consciências soberbas.
Aguarda-se, que assim aconteça, graças à luz do dia maior da cristandade.
Assim se espera.