A decadência de uma sociedade pode ser medida de diversas maneiras.
A econômica pelos índices emitidos diariamente pelo mercado.
A pauperização do povo por intermédio dos números de desempregados.
As favelas espalhadas por todos os cantos das cidades.
A saúde pelo acesso ao Sistema de Saúde quase sempre em colapso.
Há, no entanto, uma maneira diversa de se captar o grau de indigência que atinge um povo e seus integrantes.
Talvez, seja atípica.
Quem sabe lúgubre.
No entanto, extremamente nítida em captar o empobrecimento econômico e moral de um povo.
Este índice – estarrecedor – é a situação em que se encontram os cemitérios da Capital de São Paulo.
Todos os povos reverenciam seus antepassados, após a morte.
Preservam as tumbas que, no passado, recolhiam os corpos sem vida.
É uma tradição de todas as sociedades.
No Ocidente, alguns campos santos tornaram-se monumentos civilizatórios, com suas esculturas e registros históricos.
Os costumes se alteraram.
Chegou a cremação e os corpos já não recebem a terra como último acontecimento de uma existência.
Compreende-se.
Mas, preservar o passado das nossas necrópoles é uma exigência da moral e da História.
O lastimável descaso das autoridades municipais com os cemitérios históricos – Consolação, Araçá, São Paulo e os outros ainda – mostra a indigência moral a que está submetida a população.
Violam-se sepulturas.
Rompem-se esculturas.
Roubam-se peças ornamentais.
A imundícia ocupa o entorno das jazidas.
Lixo acumulado nas quadras.
Enfim, uma dramática exposição da indigência civilizatória imposta à sociedade e aos antepassados.
Aventureiros transformaram-se em falsos administradores.
É a falência de uma sociedade.
Esta decadência pode ser medida pela mais extravagante das formas:
O lamentável estado das necrópoles de São Paulo.
Um constrangimento elaborar este registro.
Um dia, em outros tempos, os antepassados eram venerados.
A História e os que a edificaram já não valem nada.