FRACASSOS
Não se contrariam impunemente as verdades mais vivas de um País ou de um povo.*
De frustração em frustração, caminham os brasileiros.
Todos os atos levam a grandes depressões.
O julgamento da chapa Dilma-Temer, pelo Tribunal Superior Eleitoral, é mais um episódio nesta corrente interminável de dissabores cívicos.
Em 1930, o movimento tenentista, entre seus objetivos, arrolou a criação de uma Justiça Eleitoral.
Necessária para afastar as mazelas dos pleitos dominados pelas oligarquias.
Um político inovador foi convocado para a elaboração de diploma essencial para a mudança das práticas político-eleitorais.
Assis Brasil elaborou o projeto do Código Eleitoral de 1932.
Aguardava-se a regeneração dos costumes políticos.
Uma frustração.
As boas intenções terminaram em 1937.
Um regime ditatorial mereceu implantação, a partir da figura de Getúlio Vargas.
Outra frustação.
A grande depressão democrática durou até 1946.
Com a vitória das democracias, na Segunda Guerra Mundial, a onda democrática atingiu o Brasil.
Elaborou-se – em verdadeira Assembleia Nacional Constituinte – nova Constituição, liberal e democrática.
Nova frustação.
Em 1964, baseados na guerra contra o comunismo, os militares, impulsionados por lideranças civis, implantaram um regime autoritário.
O País evoluiu em infraestrutura.
Regrediu em termos políticos.
Partidos históricos foram violentamente extintos.
Violaram-se tradições e lealdades.
Ainda uma frustração.
Retornou, com a Constituição de 1988, a plenitude democrática.
A liberdade, com sua irmã a transparência, apontou para um surto de corrupção sem precedentes no passado remoto e recente.
Grande frustração.
Nesta caminhada, repleta de frustrações, a Justiça Eleitoral coloca mais uma etapa no calvário nacional:
O julgamento da chapa Dilma-Temer.
O comportamento dos magistrados nomeados apontou uma enorme falha desta Justiça Especial.
Não podem os chamados juristas, integrantes da Corte Eleitoral, serem escolhidos por quem irão julgar.
No caso, o presidente da República.
É violação do princípio do Juiz natural.
Concebeu-se nova modalidade de juízo de exceção.
Ocupam seus cargos com um único objetivo: absolver o réu.
Uma anomalia de nosso Judiciário.
Os tenentes de 30 jamais imaginaram tal deturpação.
Violaram-se princípios e valores orientadores da criação da Justiça Eleitoral.
Uma frustração a mais.
A sociedade se encontra atônita.
Enojada.
Farta.
A maioria das personalidades públicas brasileiras conduzem a um enorme achincalhamento.
Há um desencanto por parte das pessoas honestas, aquelas que trabalham.
Um cancro moral tomou todas os cenários institucionais.
Executivo, Legislativo, agora, o Judiciário encontram-se sobre suspeita.
Frustrados, os brasileiros querem regeneração.
Perderam, porém, todas as esperanças.
Convivem com uma imensa soma de frustrações.
Atônitos.
Apalermados.
Já não vibram.
Sobrevivem, apenas.