Após os dramas vividos durante e nos anos que antecederam à Segunda Guerra, um equilíbrio político instalou-se por todo o Ocidente.
A democracia venceu os totalitarismos e sua prática transformou-se em salutar hábito social.
Espalhou-se por várias partes e não encontrou a democracia contestações duradouras.
Tornou-se o regime escolhido pelos mais diversos povos e seus mecanismos mostraram-se capazes de solucionar as demandas populares.
Os Estados Unidos, tradicionalmente democrático, fez de seu regime de governo modelo para os demais Estados e suas sociedades.
Este fervor democrático estendeu-se pela Europa e permitiu o aparente afastamento dos excessos nacionalistas, por vezes, geradores de formas autoritárias de governo.
Os europeus, na busca de afastar os conflitos do passado, neste período, conceberam e implantaram a União Europeia.
Na América Latina, sempre dominada por oligarquias conservadoras, após a experiência dos regimes militares, a democracia tornou-se uma realidade formal.
Tudo parecia correr as maravilhas.
A racionalidade vencera o embate contra as emoções circunstanciais.
Ledo engano.
A crise financeira nos Estados Unidos e a evasão de capitais para outros países criou um ambiente sensível na sociedade americana.
A presença massiva de imigrantes, por todo o território norte-americano, gerou desconforto e desconfiança.
Na Europa, o fenômeno agravou-se.
A imigração deu-se a partir de pessoas oriundas de regiões de praticantes de religiões antagônicas às tradições cristãs do continente.
A par das ondas imigratórias originárias do Médio Oriente e África, as diferenças econômicas entre os vários Estados nacionais eclodiu.
Esta eclosão levou a forte descontentamento popular, especialmente na Europa meridional.
Aqui, na América Latina, o crescimento desordenado das cidades e concessões assistenciais conduziu a um clima de descontentamento entre segmentos sociais.
Em uma sociedade de conhecimento – acrescente-se – as massas latino-americanas não encontram espaço expressivo.
A pobreza e a consequente impossibilidade de alcançar bens de consumo levou a fortes frustações.
Os índices de criminalidade cresceram geometricamente.
O narcotráfico lançou seus tentáculos por todas as partes.
A partir destes novos componentes, surgiu um novo lumpenproletariado, que segundo Marx consiste na putrefação das camadas populares.
Estas sociedades – a norte-americana, a europeia e a latino-americana –frustradas por diferentes motivos, retornaram às velhas práticas populistas.
O populismo identifica-se como toda concessão demagógica ou popularesca feita por um político ou determinado grupo social.
Oferecem os populistas soluções inatingíveis e mobilizam ideário repleto de emoções.
Fascinam as massas sem deixar de servir as oligarquias.
Preferem o espetáculo à solução de problemas.
A explosão populista espalhou-se pelos mais diversos países.
Tornou-se mais presente em países que adotam o sistema multipartidário, como o Brasil.
Não se encontra ausente, porém, em sociedades com partidos políticos tradicionais e consolidados, como é o caso dos Estados Unidos.
Trump, Buchanan, a Frente Nacional, o Partido do Povo Dinamarquês, o Podemos, o Cinco Estrelas, o Syriza e muitos dos prefeitos brasileiros, eleitos no último pleito, colocam-se como populistas.
Agem a partir de bravatas.
Apresentam-se como grandes reformadores.
Muitas vezes marginalizam o já estabelecido.
Colocam-se contra a atividade política tradicional.
O populista é produto das massas enfermas, da frustração, da pobreza, da humilhação e desesperança das pessoas.
Olhe ao seu redor.
Examine o noticiário com atenção.
É bom exercício: encontrar populistas nativos ou de nível internacional.