BIG STICK


THE PEOPLE, YES *

Fracasso da soberba. eua

Este é o sentimento que aflora após as eleições presidenciais norte-americanas.

A maior parcela dos meios de comunicação dos Estados Unidos adotaram uma candidatura e, galopando a soberba, conferiram-lhe vitória.

Esqueceram-se de consultar uma variável fundamental nas democracias: o povo.

Não aconteceu um resultado inesperado.

Ao contrário, quem conhece um mínimo da Historia dos Estados Unidos captaria previamente a vontade da sociedade.

Um povo acostumado à luta e a conquistas, a partir do trabalho individual, não aceita passivamente a visão dos politicamente corretos.

É do início do Século XX a dura posição política dos dirigentes estadunidenses a respeito de temas internos ou externos.

A frase símbolo desta época de grandeza imperial é a significativa:

“Fale mansamente e dê uma grande bengalada e assim chegarás muito longe”.

Manteve-se este posicionamento no inconsciente coletivo dos Estados Unidos profundo.

Aflorou intensamente após o desenrolar de uma série de frustrações.

A Guerra da Coréia, a tragédia do Vietnam, as falsidades quanto ao Iraque, apenas para arrolar, como exemplo, alguns colapsos no cenário externo.

Internamente, a presença útil e ao mesmo tempo perturbadora de hordas de imigrantes ilegais.

Some-se a perda de empregos no espaço industrial.

Agregue-se ainda a ausência de efetividade nas políticas do Estado do Bem Estar.

Tome-se às irregularidades do sistema financeiro.

Estes fatores conduziram a uma grande depressão.

Os analistas – cientistas políticos, professores universitários e frequentadores de redações – ausentes da realidade cotidiana, foram incapazes de captar os sentimentos populares.

Daí recolhe-se uma lição amarga e altamente preocupante.

Os meios de comunicação e os intelectuais precisam deixar suas torres de marfim.

Precisam retornar à planície.

Caso contrário, estarão fadados a crescente descrédito.

A democracia precisa de formadores de opinião pública capacitados e isentos.

As posições partidárias devem ser deferidas aos políticos.

Eles possuem, como atributo, a criação de correntes de pensamento.

Os comunicadores e pensadores devem se ater a análise isenta e veraz dos acontecimentos.

Não podem assumir o papel de condutores de verdades absolutas.

Erram.

O pior, levam lições constrangedoras da sociedade.

Nas democracias, as pessoas agem com independência e liberdade.

A vitória de um candidato execrado pela mídia e pela intelectualidade não é fenômeno novo em nenhuma parte.

Lamenta-se que a lição dos eleitores não é recolhida com humildade por alguns iluminados.

Na democracia só existe um senhor: o colégio eleitoral.

Os falsos sábios escondem-se em suas roupas informais. Longe das pessoas comuns.

Fogem dos embates diretos.

Recolhem-se em cenários herméticos.

Falam entre si.

Querer impor suas vontades.

Só apresentam obscuridades.

Estão sempre a errar.

Os norte-americanos deram uma dura lição aos falsos intérpretes do povo.

 

*Livro de poesias de Sandburg

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