O NOVO BRASIL


Os historiadores registram que a conciliação sempre ocorreu após os grandes conflitos de posições aqui no Brasil.

Foi no passado. Hoje a conflagração é geral. Os debates se mostram profundamente preconceituosos.

Parece que o bom senso sumiu da cena política.

Claro que esta nova situação, onde transação e a conciliação se encontram ausentes, deve contar com uma explicação.

Esta não é difícil de se alcançar. Basta uma observação sensível do atual quadro social nacional.

Durante séculos, fomos uma sociedade agrícola. Grande parte de nossa população encontrava-se dispersa pelas imensidões do território.

O jogo político se constituía em um minueto entre segmentos de uma mesma classe social. A política era uma atividade dos bem postos na vida.

Com a migração interna, grandes contingentes populacionais se deslocaram para as mais diferentes regiões do País.

A miséria – antes distribuída por vazios demográficos – se concentrou na periferia das cidades. Grandes ou pequenas.

As reivindicações tornaram-se dispersas e de natureza social. Já não são os fazendeiros de café que buscam nos gabinetes favore governamentais.

Muito menos usineiros endividados batem na porta dos bancos oficiais. Montadoras já não buscam de incentivos fiscais.

É a comunidade que, por toda a parte, pede por moradia, saúde e trabalho. Tudo mudou. O que restou das velhas elites não se conforma.

Não aceita os resultados eleitorais. Deseja transformar remédios constitucionais extraordinários em mera verificação de poderes, tal como acontecia na República Velha.

É bom recordar. Na República de 1889, após o pleito eleitoral, reunia-se o parlamento para verificar os resultados dos pleitos.

Aí, então, os inimigos do Executivo sofriam a degola. Os mandatos obtidos, mediante o voto popular, direto e secreto, eram desconsiderados.

Um horror. Hoje, segmentos minoritários da sociedade querem agir como no interior daquela República que desapareceu com a Revolução  de 30.

É um equívoco. Os tempos mudaram. Os costumes políticos se alteraram. Há por toda a parte reivindicações e protestos.

A comunidade se movimenta. Começa a surgir, a cada dia mais, o sentimento de cidadania.

Ou seja, o de pertencer a uma coletividade e, no interior desta, lutar por direitos e avanços sócias.

Só os tolos ingressam em aventuras antidemocráticas. O rompimento da vontade popular expressa pelo voto é um risco imenso para a democracia e para a própria paz social.

É preciso fiscalizar os governantes. Exigir moralidade no trato da coisa pública. Permitir que as instituições funcionem adequadamente.

Preservar a autonomia do Judiciário. Garantir o bom funcionamento do Legislativo. Aguardar comportamento leal do Executivo.

Quando estes Poderes estiveram funcionando livre e harmonicamente é conquista a ser  preservada .

Não há mais lugar para acordos entre facções das velhas oligarquias. É  resquício de um passado que se foi. Felizmente.

Cabe preservar a democracia. Ter consciência da importância da transparência nos negócios públicos.

Proclamar sempre a necessidade de moralidade no exercício das funções públicas. Saber que tudo se faz dentro da lei, nada fora da lei.

Com a preservação deste valores, vamos avançar e consolidar uma verdadeira democracia. Sem retorno ao passado, amargo sob todos os aspectos.

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