Com a proclamação dos resultados do segundo turno da eleição presidencial, declarada a vitória da Presidenta Dilma Rousseff, o Brasil profundo explodiu nos pronunciamento da candidata vitoriosa e de seu adversário.
Todos caminharam para uma vereda única: a conciliação e a união entre todos os brasileiros. É assim que, no decorrer de nossa História, terminaram as grandes contendas.
Tolo quem afirmou, no sabor da campanha, que haveria uma divisão entre regiões do País. A unidade nacional é amalgamada por um fator fundamental: a língua comum.
Podem surgir momentos de adversidade. Estes são meramente transitórios. Hoje, com as ligações entre unidades federadas, as imigrações internas romperam qualquer possibilidade de antagonismos.
Os brasileiros esparramaram-se entre todos os Estados sem preocupação com a naturalidade de cada um. Errou, portanto, de maneira inequívoca quem pregou regionalismo. Coisas do passado.
O importante, após a vitória da presidente Dilma, é examinar seu discurso de agradecimento. Ficou claro que o tema primordial dos primeiros anos do futuro mandato será a reforma política.
Aqui o grande desafio. Uma reforma política exige cuidado no arrolamento de novos institutos ou mudança dos atuais. Há, à primeira vista, consenso em alguns temas.
Por exemplo, no cenário partidário a maioria defende a proibição do financiamento empresarial. As empreiteiras, bancos e congêneres, hoje, participam ativamente dos gastos das campanhas.
É claro que este fato tem um custo. O tráfego de influência após a vitória eleitoral dos eleitos. Quem concedeu financiamento cobra. Ai começa a corrupção endêmica na vida administrativa do Estado.
Há outro assunto que chega próximo da unanimidade. Trata-se do fim das coligações nas eleições proporcionais. Realmente, estas coligações levam a uma promiscuidade interpartidária.
Confundem o eleitor e produzem resultados eleitorais deformados, além de conduzir a graves erros doutrinários. O fim das coligações, neste campo, será salutar.
Sobra ainda a facilidade com que se estruturam partidos políticos. Não pode permanecer o atual cenário. Trinta e duas agremiações formam um cipoal de posições.
O espectro de idéias políticas não é tão intenso. As linhas do pensamento doutrinário são resumidas. A grosso modo existem três posições clássicas: à direita, o centro e a esquerda.
O mais é pura encenação sem qualquer respaldo no pensamento político consolidado no Ocidente. Pode ser mera exposição de personalismos. Ou o que é pior, a busca de fonte de renda.
Começou bem a presidente Dilma em apontar para reforma política e foi melhor ainda quando apontou para o diálogo entre os vários segmentos que compõe a sociedade.
Pareceu um exercício de humildade a presidenta propor um futuro reencontro com todas os segmentos da sociedade. O mero monólogo não é oportuno nas democracias.
Espera-se que a oposição saiba responder ao aceno de paz da vitoriosa. Assim a sociedade continuará preservando seu valor mais importante: a tolerância e a cordialidade.
O Brasil mostrou – ainda uma vez – maturidade em pleitos eleitorais. Uma tradição que nasceu no longínquo 1532 na Vila de São Vicente.