SEMPRE POLÍTICA


As campanhas eleitorais brasileiras sempre surpreendem. Particularmente as presidenciais. Surgem figuras exóticas vindas dos mais estranhos desvãos da sociedade.

 

Agitam. Oferecem mensagens utópicas. Agem com uma descontração capaz de perturbar o mais desinibido dos mortais. Pelo carisma de suas personalidades criam ondas populares avassaladoras.

 

Levam, em sua passagem, velhas estruturas políticas. Partidos consolidados. Pensamentos elaborados em muitos séculos. Devastam situações consolidadas.

 

Entre estas figuras de aluvião, há exemplos marcantes na História pátria. Um, na busca do Poder perene, renunciou no Dia do Soldado. Outro, após sacar as poupanças dos cidadãos, foi alvo de um processo de impedimento.

 

São apenas dois exemplos. Ambos, contudo, custaram caro às finanças nacionais e muito mais à democracia brasileira. As aventuras sempre têm um alto preço na vida política dos povos.

 

Toda personagem que se apresenta como um novo messias leva a veredas altamente perigosas. Basta recordar no plano europeu apenas dois figurantes expressivos: Hitler e Mussolini.

 

A burguesia alemã e a italiana apoiaram inteiramente a presença dos dois governantes. Era o novo que chegava à política. Não transigiriam com os velhos partidos. Nem sequer com as mais conspícuas personagens.

 

O fascismo e o nazismo era o novo que chegava ao mercado político. Desejavam mudar os costumes e as filosofias até então vigentes. Era preciso começar tudo de novo.

 

Foi um drama social jamais visto pela humanidade. A Alemanha acabou destruída pelos aliados. A Itália caiu na mais amarga depressão. Fascismo e nazismo ruíram como castelos de cartas.

 

Agora, no Brasil se fala em “nova política”. Não há nova política no cenário doutrinário da humanidade desde Aristóteles. Podem conferir roupagens novas à política.

 

A sua essência, porém, permanece idêntica com qualquer aspecto externo. A última grande experiência do novo em político foi apresentada por Maquiavel.

 

O sábio florentino apontou para a área nodal da arte e da ciência da Política. Demonstrou como o homem é pérfido e a impossibilidade de se confiar, portanto, nos que rodeiam os detentores do Poder.

 

Não há como somar permanentemente as pessoas em torno de um mesmo objetivo. Na caminhada, ocorrerão defecções e, o pior, traições inesperadas.

 

É, pois, amargo se assistir pelo rádio e pela televisão personalidades expondo que somaram todas as pessoas. Unirão todos os políticos em torno de uma única liderança.

 

Se fosse tão fácil, não teriam existido tantas revoluções, golpes, pronunciamentos, guerras na busca de um só pensamento. Toda utopia acaba em tragédia

 

A humanidade ocidental parece ter aprendido a dura lição da História. Os brasileiros continuam a acreditar em contos de fada. Vai dar lobo mau. É só esperar.

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