SÃO PAULO: 454 ANOS


São Paulo. Duas palavras. Patronímico do evangelizador. Nome de cidade. A cidade completa quatrocentos e cinqüenta e quatro anos. É diferente. Tem algo incomum.

Surgiu no alto de uma serra. Setecentos e sessenta metros acima do nível do mar. Entre a cidade e o mar, coloca-se desafiante escarpa. Apesar das agruras do caminho íngreme e da mata cerrada, a conquista.

São Paulo venceu insuperáveis desafios. Nunca se manteve estática. Nos momentos de depressão, findo o ciclo das entradas pelos sertões, quase definhou. Retornou com vigor, força e pujança.

Hoje, a maior cidade da América do Sul congrega pessoas das mais diferentes origens. Integram-se. Aceitam desafios. Não se abatem. Constróem incessantemente o novo.

O que fez esta cidade-acampamento ser tão forte? Muitas as respostas. A sua situação geográfica. Acima do mar, longe das praias. Cortada pelo vento oceânico, em rajadas sopradas do sul.

Ou então, a notável bacia fluvial que a contorna. Os rios Tietê, Pinheiros e Tamandatueí. Córregos e riachos por toda a parte. Água em abundância, sempre em curso. As doenças tropicais ausentes.

O fator primordial a tempera das pessoas. Os habitantes de São Paulo, desde os primórdios, foram resolutos e fortes. Nunca se abateram. Receberam contribuições de todas as raças.

Jamais São Paulo conheceu preconceitos. Sempre portas abertas a todas as naturalidades e nacionalidades. Fluxo perene de pessoas desconhece castas e pretensões aristocráticas.

Em São Paulo, nada se perde, tudo se transforma. Uma sociedade aberta, fortemente burguesa, onde os valores principais se expressam no trabalho e na auto-estima. Ninguém se abate.

Laboratório de todas as novas experiências. Recolhe e recicla. Recebe e recria. Idéias e pessoas. Da Europa, em momento de depressão, chegaram milhões de imigrantes.

Perderam os vínculos com as terras de origem. Transformaram-se em cidadãos de São Paulo. De todas as partes do Brasil, migrantes procuraram São Paulo. Firmaram novas perspectivas de vida.

Em limites diversos, todos sofrem e todos vencem. A pessoa é respeitada em São Paulo, desde que trabalhe. Há uma vontade própria nos paulistanos, todos aqueles que vivem na cidade de São Paulo.

Nesta cidade, ninguém pergunta a origem de ninguém. Os sobrenomes não são importantes. As individualidades, essenciais. Vale a pessoa. Cada um tem seu valor.

Os paulistanos possuem profundo sentimento de brasilidade e alto grau de universalidade. Recebem fluxos culturais diversos. Recolhem e reformulam. Capitais financeiros ou investimentos sempre foram bem recebidos.

A política de São Paulo não conta com castas tradicionais. As personalidades alteram-se de acordo com os ciclos históricos. Ontem os velhos ramos. Depois, os filhos de imigrantes europeus. Agora, os nordestinos.

Amanhã, seguramente, sul-americanos – argentinos, bolivianos, peruanos e uruguaios -, formadores de recentes comunidades em São Paulo, surgirão entre os novos políticos.

São Paulo é surpresa permanente. Boa surpresa. Nela ninguém conhece limites de atuação. Respeita-se a lei. Preserva-se a autoridade. Privilégios de origem são desconhecidos.

Venha conhecer São Paulo. No seu aniversário, dia 25 de janeiro, ou em qualquer data. Vale a pena. São Paulo é Brasil, porque conhece todos os falares e todos os costumes. Nunca rejeita contribuições.

É estimulante conviver com São Paulo. Encontrar nas ruas e praças todas as religiões. Os mais diferentes credos em respeito recíproco. Em harmonia, as mais diversas formas de viver.

Não há ufanismo em São Paulo. Apenas o realismo de acreditar. Acredita-se em cada pessoa e cada pessoa acredita em si própria. Este o cerne de São Paulo, esta cidade-acampamento, repleta de problemas e geradora de soluções.

print