RECORDAÇÕES DE AGOSTO


Há uma estafa no ar.

Uma atmosfera pesada e ao mesmo tempo obscura. Forças Armadas

A  caminhada do impeachment esgotou a todos.

Ficaram temas inconclusos.

A condenação da afastada, como conclusão do processo, inclui a pena de inabilitação ou não?

Esta questão ficou em aberto.

Os dois campos de interpretação têm suas razões.

Uns se apoiam no Direito Penal contemporâneo.

As penas precisam ser dosadas.

Outros, drásticos, desejam a condenação ampla dos afastados dos cargos públicos.

É assunto que caberá ao Supremo Tribunal Federal resolver, caso não conclua, preliminarmente, ser  o Senado independente e autônomo, em suas decisões de mérito, nos processos de impeachment.

Vamos aguardar o futuro julgamento.

Lamentável foi a presença antecipada de opiniões por parte de alguns ministros.

Uns poucos magistrados da maior Corte esqueceram os seus deveres de sobriedade.

Em atuação pouco exemplar, emitiram opiniões fora do compasso exigido do Poder Judiciário.

É falha – entre tantas outras – de nossa democracia.

Faltam-lhe operadores de boa compostura em todos os Poderes.

Falam aos borbotões, esquecem que todo  ocupante de função pública exerce atividade  pedagógica.

Devem ensinar bom comportamento.

O acatamento às regras de boa conduta.

Jamais deve o servidor público exercitar incontinência verbal.

Alguns – em todas as ocasiões – proferem assertivas as mais descompassadas.

Ao ouvir uns poucos ministros, que falam fora do momento oportuno, se conclui:

O brasileiro não é o homem cordial, que imaginava o sociólogo.

O brasileiro é o homem parlapatão.

Fala mesmo quando não é chamado.

Expõe ideais quando devia se manter calado.

É um traço de alguns tipos humanos que vão se plasmando ao sul do Equador.

Na democracia, esta hábito cria consequências danosas.

Nos últimos acontecimentos políticos, acompanhados na íntegra pelas televisões públicas, viu-se de tudo.

Entrevistas concedidas fora da pauta de competência do expositor.

O Presidente do Congresso ao agredir verbalmente o colegiado a que preside.

Parlamentares proferindo discursos desarrazoados.

Uma lástima.

Restou um bom exemplo.

O comportamento altaneiro das Forças Armadas.

Silenciaram.

Acompanharam respeitosamente, de acordo com os bons preceitos, os atos inusitados dos ocupantes dos Poderes da República.

Vale lembrar.

É boa novidade na vida política nacional.

Desde a proclamação da República não se convivia com tão elevada conduta.

Os atos de toda a tragicomédia política compensaram por este registro cívico:

Os militares foram exemplares.

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