OS DEZOITO DA MOGI-BERTIOGA


Todos os dias más notícias. Na vida cotidiana, na política e na economia. Há anos vive-se em clima de constante intranquilidade.

Parece que as Parcas, que determinavam o curso da vida, apenas oferecem péssimos presságios aos habitantes destas terras brasílicas.

Uma onda de agouros assumiu nossos destinos nos últimos anos. Tudo parece acontecer, a um só tempo abaixo do Equador.

Os brasileiros são fortes. Capazes de vencer desafios. Lutar contra antagonismos. Construir uma civilização em áreas antagônicas à vida humana.

Exemplo gritante do esforço inaudito dos brasileiros em busca de seus ideais deram os jovens universitários dramaticamente tragos pelo infortúnio na Estrada Mogi-Bertioga.

Trabalhavam durante o dia e a noite se deslocavam serra acima e abaixo em alta horas. Um sacrifício incomensurável.

A fatalidade não permitiu que tão grande esforço permitisse que chegassem ao objetivo tão almejado: o título universitário.

É dramático. Todos os dias os meios de comunicação apontam para uma juventude sem perspectiva. Repleta de fragilidades.

Nunca – ou raramente – palavras de incentivo aos que trabalham. Estudam com abnegação. Pretendem melhoria pessoal para qualificar a própria sociedade.

As boas atitudes e ações – segundo o jargão jornalístico – não é notícia. É uma lastima que este bordão persista.

Foi utilizado – ad nauseam – durante a Ditadura Militar. Não poderia estar tão presente em plena Democracia.

Os jovens que todas as noites se deslocam pelas rodovias para estudar mereceriam um tratamento diferenciado. Deviam ser exaltados.

Foi preciso um acontecimento amargo e repleto de dor para que estes abnegados estudantes merecessem espaço nos noticiários.

As redações se localizam nos espaços nobres das cidades. Desconhecem as periferias e muito menos os municípios situados à distância.

Os dezoito mortos da Mogi-Bertioga, em sua juventude sadia, permitiram a muitos conhecer que ainda há esperanças.

Há jovens que acreditam. Esforçam-se. Aperfeiçoam-se e, por vezes, no meio da trajetória caem por força do destino.

Deixam forte exemplo para os demais. A crença em si próprios e a força para vencer obstáculos. Dramático sacrifício.

Brasileiros que não se entregaram. Estudaram e trabalharam. Foram tragados pela fatalidade. Sacrificados.

Como registra a crônica veneziana, quando da morte de uma jovem, lá no longínquo ano de 1853:

“Com vinte anos no coração parece sonho a morte, no entanto se morre”.

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