OBSERVAÇÕES SOBRE O IMPEACHMENT


Aproximam-se os derradeiros atos do processo de impeachment da Presidente Dilma Rousseff.

É tempo de recolhimento de lições. Brasilia

A primeira é a necessidade de rever a Lei do Impeachment.

Constatou-se a necessidade – mesmo no presidencialismo – de se obter instrumento para o afastamento de um dirigente eleito.

Quando o presidente da República torna-se impopular, por demonstrar incapacidade administrativa ou seus auxiliares praticarem delitos, deve existir mecanismo apto a afastá-lo do cargo.

O impeachment, nos termos da legislação em vigor, exige a prática de crime de responsabilidade.

Quando este não ocorre, os julgadores praticam incríveis exercícios de acrobacia jurídica para configurá-lo.

Neste extravagante trabalho de exegese, perde o Direito, porque a regra positiva é fragilizada, e a democracia, porque o Estado de Direito torna-se uma falácia.

Esta a primeira lição destes dias invulgares.

A outra lição é a presença nítida, nos depoimentos das testemunhas, da prevalência das guildas sobre a sociedade.

Desde a Idade Média, as pessoas se reúnem em corporações e nestas defendem interesses comuns e praticam atos a favor de seus interesses.

Foi exatamente o que se captou na colheita da prova testemunhal.

Fatos foram alterados de conformidade com o posicionamento da corporação a que pertencia o depoente.

Não importa a segurança jurídica. Vale a interpretação da corporação a que pertence a testemunha.

Nota-se, com a simples constatação desta realidade, que o Brasil, em determinados setores da burocracia, mantem-se em um medievo tardio.

É ingênuo imaginar que se vive em uma democracia.

Esta é aparente.

Preserva a liberdade.

Confiscou-se, contudo, o inestimável valor do Direito.

Este – o Direito – pouco importa.

É torcido e retorcido de acordo com o posicionamento de determinados meios de comunicação de massa.

Termina, pois, nesta semana, amargo episódio da História pátria.

Fragilidade operacional do Executivo Federal, profunda impureza do Congresso Nacional e domínio das guildas –as corporações da burocracia – apontam para uma sociedade fragilizada.

Sua essência mais significativa – o povo – é sempre marginalizada.

Serve para pagar imposto que irão manter privilégios e consolidar o aparelho burocrático.

Espera-se uma profunda reforma de costume e dos aparelhos estatais.

Os contribuintes já não suportam tanta ousadia.

Excesso de deformações conduzem à anomia.

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