O QUE PENSAR?


O fraco rei faz fraca a forte gente.

Camões

 

 

Tantas mentes ilustres procuraram interpretar o Brasil.

Fixar, em palavras, o caráter nacional.

Apontaram o bom patriotismo ingênuo existente como elemento positivo.

Afonso Celso foi ironizado em último grau.

Outros caminharam pelos tortuosos caminhos do racismo.

Nina Rodrigues avançou neste espaço intolerável.

Alguns procuraram organização racional do País.

Alberto Torres é dínamo deste movimento.

Uns poucos analisaram as classes desprotegidas.

Manoel Bonfim merece referência especial neste espaço.

A luxúria, a cobiça e a tristeza também foram objeto de divagações.

Paulo Prado apresenta-se como expoente deste filão de pensamento.

O pensamento conservador ganhou espaço com a defesa da Casa Grande e a visão de um idílio entre escravos e senhores.

Gilberto Freire coloca-se em relevo neste campo.

Finalmente, mais não o último, o pensamento nacional escorregou para a cordialidade.

A imagem do homem cordial foi concebida por Sergio Buarque de Holanda.

Não pode ser esquecido, apesar de se colocar em espaço diverso, a obra prima de Mario de Andrade.

Macunaíma descreve o herói sem nenhum caráter.

Quer ver a vida passar.

Viver ludicamente.

Dentro da visão destes – e outros – pensadores nacionais, como se poderá avaliar a atual situação do Brasil?

A cada um sua conclusão.

Vale, porém, recordar, pela sabedoria e amargor que emergem de diálogo milenar chinês, onde apontam os ingredientes básicos para  governar:

 

“ Uma vez um discípulo perguntou a Confúcio:

Quais são os ingredientes para um bom governo?

 

Ele respondeu:

A comida, as armas e  confiança do povo.

Mas, prosseguiu o discípulo, se fostes constrangido a renunciar um entre os três ingredientes, a qual renunciarias.

As armas.

 

E se devesse eliminar um outro?

 

Os alimentos.

 

Mas sem alimentos a gente morre!

A morte representa desde tempos imemoráveis o inevitável destino dos seres humanos, enquanto que …

 

…    um povo que não tem mais confiança nos seus governantes é verdadeiramente um povo perdido.

 

 

Como reagir ao realismo de Confúcio?

Um, entre os inúmeros pensadores pátrios, terá resposta para a colocação do mestre chinês perante a realidade brasileira?

É melhor não ouvir a resposta.

print