Preocupa. Pesquisa elaborada por ONG chilena, Corporación Latinoamericana, aponta para a diminuição do apoio à democracia por parte dos povos de muitos países ibero-americanos.
A queda é comum a muitos países, mas mostra acentuado declive no Brasil. Apenas 45% dos brasileiros dizem-se favoráveis ao regime democrático.
Claro que um número tão baixo de cidadãos apontando apoio à democracia é preocupante. Indica que a sociedade se encontra enferma. Não deseja as atuais formas de condução dos negócios públicos.
Não se conhece como a pesquisa foi realizada. As questões formuladas e qual a percentagem da população foi consultada. Mas, quaisquer que forem as eventuais fragilidades da consulta, o sinal vermelho acendeu.
Os escândalos públicos ocorridos, nos últimos anos, agridem a condicionantes éticas mínimas das pessoas. As personalidades públicas comportam-se de maneira irresponsável.
Todos os dias os veículos de comunicação registram abusos cometidos por ocupantes de cargos públicos em qualquer dos três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário.
Certamente, os desvios de conduta apontados nada têm em comum com a democracia. São da natureza humana o erro e a prática de equívocos. Daí a necessidade da fiscalização de todos sobre todos.
No interior dos regimes autoritários pululam as piores falcatruas. Ninguém fica sabendo. Tudo é segredo. Há um liame de caráter mafioso entre os titulares ilegítimos do Poder.
Já na democracia, onde a transparência é princípio básico, tudo se sabe. Tudo se conhece. A cidadania pode aquilatar e julgar cada ato dos governantes. Cada atitude dos administradores.
Culpar a democracia pela fragilidade moral de muitas pessoas é grave equívoco. É desconhecer a essência da realidade.
É importante que se ressalte – e muito – a relevância do regime democrático. Foi em seu interior que a sociedade conheceu os maiores avanços e as melhores afirmações nacionais.
Brasília foi erguida em plena democracia. As grandes conquistas sociais dos últimos anos se desenvolveram em plena liberdade. Nenhum regime autoritário – em nenhuma parte – procedeu às transformações ocorridas na sociedade brasileira, em plena democracia.
A cidadania, na democracia, deve se mostrar resoluta e consciente de sua importância. Possui a potente arma do voto para mudar governos e bancadas parlamentares.
Não pode se omitir no momento em que é chamada para conferir sua opinião. Não pode transformar o voto em mero instrumento funcional. Deve utilizá-lo para mudar atitudes e formas de agir.
Há necessidade de se alterar comportamentos. Pensar que o ato de governar pertence a é equivocado. Na democracia todos são agentes de transformação.
Em cada eleição, a cidadania pode indicar rumos e demonstrar desamores. Possui arma capaz de produzir grandes alterações, sem a utilização da violência.
O simples ato de digitar algumas teclas pode alterar profundamente os erros porventura existentes. Não é o regime que induz a erros. Ao contrário, é a democracia que permite conhecer os erros.
O levantamento elaborado pela organização chilena leva a pensar. Todos necessitam se incorpora em campanha em defesa da democracia. Os partidos políticos, principalmente.
Devem abandonar as pequenas escaramuças parlamentares e se lançarem em atos nobres e sóbrios. Política não é veículo para enriquecer. Caracteriza-se como missão.
Nesta o importante é dar exemplo de respeito à coisa pública e de preservação do bem comum. Só os maus se utilizam da política, no interior da democracia, para atingir objetivos meramente pessoais.
A cidadania necessita se encontrar sempre vigilante. Cobrar constantemente. Culpar o regime é ato ingênuo de fuga à própria responsabilidade.