ITÁLIA: CORRUPÇÃO DIFERENTE


As democracias contemporâneas não subsistem sem partidos políticos. É verdade cediça. Encontra-se em qualquer manual de Ciência Política. Cabe aos partidos políticos conceberem políticas públicas. Formar quadros administrativos. Coordenar e administrar campanhas eleitorais. E assim por diante.

São, pois, relevantes as funções de uma agremiação partidária. Talvez, em razão desta importância, surgem inadmissíveis desvios de conduta. Os partidos são dirigidos por pessoas e estas sofrem de doença congênita: o risco do contágio pela corrupção. Esta destroi sistemas, pessoas e a própria respeitabilidade do Estado.

O fenômeno é universal. Surgi nas democracias consolidadas ou naquelas em formação. Está presente nas múltiplas formações partidárias. Nada escapa.

Daí a criação de mecanismos de controle. Alguns países adotam os próprios parlamentos como órgãos fiscalizadores. Outros tomam os tribunais de contas. Alguns outros, órgãos do próprio Executivo.
O Brasil, graças à clarividência de Assis Brasil, no ano de 1930, criou-se e se instalou a Justiça Eleitoral, que com funções próprias da jurisdição administrativa e judiciária, se ocupa dos partidos.
Tudo se critica em nossa sociedade; Poucas vezes, no entanto, ouviram-se ou apontaram-se erros nos trabalhos eleitorais. Tudo corre a contendo.
Esta observação vem à tona quando na Itália explode um escândalo. Atinge a Liga Norte e seus dirigentes. Recursos partidários foram desviados.
Bossi, com verba partidária, teria adquirido automóveis para seu filho, conselheiro na região norte da península. Não foi só. Outros apaziguados também adquiriram veículos.
O diferente, no caso, é que muitos foram favorecidos com bolsas de estudo na Inglaterra e Suíça. É corrupção diferenciada. Nunca passou pela cabeça de nossos políticos está prática corrupta.
Ao contrário, por aqui os políticos costumam esconder suas qualidades intelectuais. Não pega bem. Nenhum político solicitou a seu partido verba para estudar.
Na Itália foi diferente. O pai ajudou seu filho a ir à Inglaterra. Fez o mesmo com um correligionário. Este foi à Suíça. Uma secretária, por sua vez, foi em busca de um diploma.
O ato de corromper tem as mesmas características. Aqui o mensalão perdulário. Lá, na Itália, a busca de diplomas e, como não podia faltar, de automóveis de luxo.
A democracia ainda não conseguiu conduzir as pessoas para o viver com moralidade. Não bastam os princípios da transparência e da legalidade.
Precisa-se converter o homem para o viver honestamente. Esta difícil. Cada vez mais. A democracia precisa se cuidar. Sua fraqueza pode levar a situações difíceis.
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