HIPERMOBILIZAÇÃO


O observador do cenário contemporâneo nacional, que atua sem preconceitos, encontra-se atônito. Não é fácil captar o futuro das instituições e das personalidades marcantes do Estado.

As ruas, em movimentação frenética, mostram uma profunda frustração e um sentimento de ansiedade da coletividade. Ninguém se encontra tranquilo.

Há uma insegurança estampada nos rostos de cada cidadão. A criminalidade é assustadora nas grandes cidades e nos mais remotos rincões do País.

Todos se tornaram reféns dos assaltantes. Estes se espalharam por toda a parte. Ninguém se encontra a salvo da violência. O Estado, por seus dirigentes, mostra-se acuado.

As manifestações de junho se converteram em imagens utilizadas indevidamente por partidos políticos. Sem qualquer pundonor. Um verdadeiro escárnio contra os manifestantes bem intencionados.

Lamentavelmente o civismo coletivo transformou-se em atos de grupelhos violentos e com traços fascitóides. É bom recordar o passado neste momento. Podem se recolher lições amargas.

Os nazistas, quando iniciaram sua caminhada na Alemanha, também reuniram grupelhos violentos para atemorizar segmentos sociais.

Avançaram e, quando da instalação definitiva do nacional socialismo, os SSs e a Gestapo se converteram em agentes da violência contra todas as pessoas conscientes.

Os nomes dos agrupamentos violentos podem merecer novas denominações. Conterão, contudo, em seu âmago a seiva do nazismo.

É inadmissível ações de violências contra órgão da imprensa – mesmo que este possua linha editorial antagônica – como vem acontecendo nos últimos episódios.

Equipamentos de transmissão à distância ou a sede de editoras não podem conhecer a violência indiscriminada. Esta é própria de personalidades antidemocráticas.

Nunca é bastante repisar e lembrar que assim começou o período nazista na Alemanha e assim agiram seus êmulos em todos os países onde se instalaram regimes totalitários.

Os brasileiros – mesmo nos mais difíceis momentos da História – sempre se mostraram capazes de reagir contra as violências praticadas sob a capa da manutenção da ordem.

Quando muitos se calaram, personalidades religiosas corajosamente afrontaram os poderosos e defenderam a dignidade humana. Lutaram pela liberdade em gesto único por todo o Continente.

Vive-se, agora, em plena democracia. Todas as vontades podem se expressar. A internet conferiu a possibilidade de exposição de ideias sem limites. Sem debates a democracia se torna enferma.

Por que alguns querem violentar o clima de liberdade? Volta-se ao ponto de partida. A criação de milícias como tropas de choque se constitui no primeiro passo no caminho do extermínio dos valores democráticos.

É preciso afastar este pesadelo da realidade política nacional. Os meios de comunicação – especialmente rádio e televisão – têm um dever cívico a cumprir.

Agir pedagogicamente contra estes grupelhos. Eles não são agentes democráticos. Ao contrário, querem fragilizar as instituições e, em um segundo momento, implantar um regime de obscurantismo.

A hiper movimentação de segmentos da sociedade, acompanhada por atos de violência, como ocorre no presente, não se apresenta favorável a ninguém.

Fragiliza – quando em excesso – o corpo social que passa a exibir sensibilidade com traços doentios. Realizem-se protestos. Aja-se em defesa de posições. Debata-se.

Agredir direitos comuns da cidadania jamais.

print