FARSAS


“Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”.

 

 

O texto constitucional é claro.

A realidade política obscura.

A Constituição, no parágrafo primeiro do seu artigo 1º, é precisa:

A cidadania é titular do poder e o exercerá diretamente.

Não acontece.

Raramente, os brasileiros são chamados para e dizer o que querem.

Há temor pela democracia direta entre nossos políticos.

Temem à verdade.

Dois presidentes da República foram objeto de impeachment – ou juízo político – nestes últimos trinta anos.

Grupos parlamentares se reuniram.

Fizeram conchavos.

Afastaram mandatários eleitos pelo voto popular.

Titulares legítimos do poder, eleitos pelo voto da cidadania.

Não foram, contudo, ouvidos os eleitores.

Falha gritante das práticas políticas brasileiras.

Os representantes, meros titulares transitórios da vontade popular, tornaram-se usurpadores.

O impeachment é a revogação de mandato conferido pela cidadania.

Só a esta, pois, cabe retirar o cargo concedido por sua vontade.

Só quem confere pode revogar mandato.

O princípio vale para esfera privada e para a pública.

Os atos praticados pelos parlamentares – senadores e deputados federais – nos impeachment ocorridos, após 1980, são ilegítimos.

Agridem a pureza democrática.

Democracias devem ouvir, nestes casos, quem ofereceu o mandato: o eleitorado.

O referendo é indispensável.

Se não acontecer, o regime  não pode ser considerado verdadeira democracia.

São meros simulacros de democracia.

No Brasil, praticou-se típica farsa ao se afastar presidentes sem ouvir os eleitores.

A Constituição prevê a democracia direta em seu preâmbulo.

Não utilizá-la é violência contra à cidadania.

É cinismo.

Farsa.

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