FALÊNCIA PARTIDÁRIA


Quem viveu, sabe. As eleições municipais deste ano, em São Paulo, são as mais pobres de propostas e de personalidades marcantes. A fragilidade da campanha é impressionante.

A responsabilidade imediata é dos candidatos a prefeito. Alguns inexpressivos. Outros de passado duvidoso. Uns poucos repetitivos. Os chavões publicitários são cansativos.
Há, para o bom observador, além dos candidatos, um cenário mais profundo e ainda de maior desalento. Os partidos políticos mostram-se incapazes de gerar novos figurantes.
Qualquer manual de ciência política aponta para um dos objetivos das agremiações partidárias. Elas devem formar quadros administrativos e, concomitantemente, elaborar políticas públicas.
A campanha, em desenvolvimento, indica para o total colapso destas finalidades partidárias. Não há novos figurantes. Todos, sem exceção, inclusive os que se autodenominam novos, são velhos.
A velhice não é por idade cronológica. É de ideias. Formados em antigas ideologias – ou sem ideologias – os pretendentes ao cargo de prefeito, registram antigas ideias exauridas para problemas crônicos da cidade.
As promessas são mirabolantes. Trens aéreos. Um cuidador – palavra nova – para cada munícipe idoso ou deficiente. Creches com muitos andares. Corredores de ônibus por todas as partes.
Uma aventura retórica sem igual. Em tempos passados, São Paulo conheceu prefeitos altamente qualificados. Prestes Maia apontou para um sistema de circulação até hoje vigente.
Olavo Setubal praticou obra de engenharia administrativa que perdura na Prefeitura de São Paulo. Criou a Companhia de Engenharia de Tráfego. Instalou grandes parques, como o Anhanguera e o do Carmo.
Janio Quadros, figura histriônica, na sua segunda passagem pela Prefeitura, concebeu a Guarda Civil Municipal. Estruturou a Procuradoria Geral do Município. Perfurou os extensos túneis, hoje, existentes.
Faria Lima abriu avenidas e iniciou as obras do Metrô. Alterou o desenho dos passeios da cidade. Todos se mostraram eficientes e competentes. Depois, veio o depois.
Todos estes prefeitos tinham passado administrativo. Sabiam a que vinham e o que queriam. Em suas ações expunham com precisão os objetivos a serem alcançados.
Agora, só se vem imagens. Nada concreto. Positivo. Palpável. As campanhas elaboradas pelos partidos políticos – e seus marqueteiros- são deploráveis.
A indigência impera por toda a parte. Só se pensa em imagens. Tudo é fugaz. Vendem-se ilusões. A política, entre seus componentes, exige a criação de esperança.
É patético. A atual campanha, em São Paulo, cria frustração. Não há nada efetivamente satisfatório. A culpa? Um pouco de todos nós que assistimos impassíveis a esta filme de horror.
Todas as pessoas se mantêm comodamente frente à televisão ou ao computador, de forma passiva. Aceita-se tudo sem qualquer movimento de insatisfação. É hora de se ingressar nos partidos.
Agir e fazer militância. Uma sociedade sem atividade política é um conjunto de pessoas inertes. Falta cidadania. Quando esta se encontra ausente, os aventureiros tomam espaço.
Restam poucos dias para o pleito de sete de outubro. É tempo de refletir e pensar seriamente na busca do melhor candidato. Aquele que melhor vocaliza o pensamento da sociedade.
A atual passividade da cidadania é preocupante. Aponta para situações inoportunas no futuro. Não se trata de serenidade. É desprezo surdo pelos velhos partidos políticos.
Eles foram incapazes de gerar personalidades.
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