EM BUSCA DA LISURA ELEITORAL


Ao final de cada campanha, cabe à cidadania recolher lições e observar os usos e costumes políticos desenvolvidos no período. É obrigação cívica. Todos devem buscar o aperfeiçoamento das práticas políticas.

Há, na campanha terminada neste último domingo, um aspecto que não passou despercebido do eleitor. A dificuldade de conhecer os candidatos aos cargos proporcionais: deputados federais e deputados estaduais.

O número era tão grande de candidatos e o espectro partidário de tal magnitude que, o mais experiente dos eleitores, mostrava-se atônito perante o quadro oferecido.

Às vésperas do pleito – até mesmo no dia das eleições – foi usual o diálogo entre eleitores na busca de um nome no labirinto partidário. Um cipoal digno de um filme de terror.

Ora, esta situação, presente no decorrer de toda a campanha e agravada nos dias próximos ao pleito, exige uma reflexão das pessoas responsáveis por todos os aspectos da vida e momentos público-partidários.

Claro que a advertência é aos políticos com mandato e aos membros da Justiça Eleitoral. Não podem permanecer as coligações partidárias nas eleições proporcionais.

Estas coligações conduzem a uma promiscuidade doutrinária sem qualquer limite nas campanhas. Agremiações consideradas progressistas coligam-se com agrupamentos conservadores.

Quem perde com esta falta de clareza é o eleitor que, sem se aperceber, vota muitas vezes de maneira contrária a seus interesses e seus posicionamentos. É o eleitor objeto de uma burla inaceitável em uma sociedade que exige transparência em todos os atos da convivência entre agentes políticos e a comunidade.

Esta a primeira observação. Há mais, todavia. A propaganda partidária, de acordo com a lei, visa difundir os programas partidários. Transmitir mensagens aos filiados suportadas em eventos e atividades congressuais do partido.

Podem ainda os partidos divulgar a própria posição em relação a temas comunitários. Exige-se das agremiações a difusão da participação feminina na vida partidária.

Na última campanha, nada disto se verificou. O que se viu na televisão e se ouviu no rádio foi uma exposição bisonha de ridículas mensagens dignas de um circo mambembe.

Já não se fala da campanha majoritária – presidente, governador e senador – onde apenas situações ilusórias eram expostas. Nada de programático. Nenhuma menção a doutrina partidária.

A Justiça Eleitoral deveria operar com mais rigor na análise das campanhas eleitorais. Exigir que os comandos legislativos sejam obedecidos na busca da criação de uma verdadeira consciência cidadã.

Outro ponto que se torna visível foi o da infidelidade eleitoral. Os candidatos a deputado, muitas vezes, esconderam a sigla de seus partidos e, sem qualquer pudor, apoiavam candidatos majoritários de outros partidos.

Isto não pode permanecer. Já se criou, em bom momento, a ficha limpa no cenário pré-eleitoral. É hora de se conceber a fidelidade eleitoral partidária. Ou a ficha suja, do falsário eleitoral.

Chega de enganos e subterfúgios. O eleitor merece mais respeito por parte dos partidos e, muito especialmente, dos candidatos. As lições desta campanha não podem ser engavetadas.

Democracia exige lisura eleitoral.

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