É O CAOS


É impressionante. Por toda parte, há um rompimento dos padrões mínimos de comportamento. Os segmentos escolarizados ou os carentes de conhecimento metódico se igualam.

Não existem diferenças. A sociedade nivelou-se por baixo. Desde o técnico de futebol até os humoristas, todos buscam a grosseria como forma de comunicação.

Não fogem a esta realidade professores das mais renomadas escolas. Todos, inclusive os dirigentes das instituições do Estado, ofertam sua contribuição à baixaria geral.

O que aconteceu e por que acontece este fenômeno? Certamente a resposta exigirá a atenção de especialistas em inúmeras matérias. Em estudos de antropologia, lá nos primatas, poderá, eventualmente, ser encontrada a explicação.

Ou, então, já no mundo contemporâneo, na explosão das múltiplas formas de informação, encontram-se as raízes desta onda de grosseria.

As redes sociais criam uma falsa intimidade e a intimidade, por vezes, gera permissividade. Aí tudo é permitido. Os desvãos do subconsciente afloram e todo o seu conteúdo explode.

A par desta inaceitável corrida para a frase grotesca, o exibicionismo é outro traço do momento em que se vive. Todos querem aparecer. Ninguém preserva a própria privacidade.

Nos coletivos, existem regras de comportamento. Deve-se entender que a hierarquia é princípio da boa convivência. A autodisciplina é marco do comportamento próprio de uma vida em civilidade.

Acontece que o individualismo fere as regras clássicas de conduta. É cada um por si. Ninguém se entende. Todos se acham superiores. Querem conceber regras próprias. Sabem tudo.

Deste estado de coisas, emergem situações anômalas. Uns ocupam o espaço correspondente a outro. Fala-se sobre o que não se conhece. Não se respeita o conhecimento alheio.

Abrir um jornal, acessar um site ou ouvir um noticiário radiofônico tornou-se um pandemônio. Não se entende nada. A entropia é geral. Está na hora dos ocupantes das diversas instituições se tornarem mais cuidadosos.

Uma sociedade não pode se tornar laboratório para testar as vontades individuais aleatoriamente. Um pouco de cuidado com o vocabulário e com o conteúdo das exposições é exigência da boa cidadania.

Atingiu-se o fundo do poço. É momento para reverter o processo em curso. Se continuar como está, em breve estaremos nos esbofeteando a troco de nada nas ruas e praças de nossas cidades.

É professor que ensina a fumar em sala de aula. Dirigente partidário divulga e aprova o uso da maconha. Políticos que se aproveitam de verbas públicas. Nada parece conforme com os mínimos princípios de convivência.

A ausência de formalismo é boa. O excesso de informalidade leva a fragilidade aos vínculos sociais. Uma sociedade não pode se orientar por regras indefinidas. Vamos chegar ao colapso.

A grande corrupção é reflexo da ausência de decoro. De comportamento adequado ao cargo que se ocupa. A sociedade contemporânea adotou as regras do oeste americano.

A lei do mais forte. Levar vantagem em tudo. Usar o poder sem limites. Viver de acordo com seus impulsos subjetivos. Não há mais parâmetros. Felizmente, ainda existem ilhas de bom senso.

Espera-se que, a partir destas ilhas, surja um movimento de indignados contra a corrosão dos costumes sociais. A fragilidade das exposições escritas e verbais. A má condução das vidas individuais e coletivas.

Muitas lições dos antepassados devem ressurgir. O bom e velho hábito de se educar apontando os provérbios. Há quem diga que estes são a emanação do Direito Natural.

Nascem espontaneamente. Durante gerações conduziram o destino das sociedades. É tempo de recuperá-los. Distribuí-los por todos os setores. Particularmente, entre os ocupantes de cargos públicos.

Devem dar o exemplo. Ultimamente, só falam tolices. É bom lembrar a estas pessoas: quem com ferro fere com ferro será ferido.

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