É DEPRIMENTE


Alguns episódios do panorama político são incompreensíveis. Personalidades públicas se submeterem aos caprichos de determinadas pessoas é inaceitável.

O uso de bens de empresas ou pessoas no exercício de funções públicas aponta para uma promiscuidade inaceitável entre o público e o privado. No entanto, na política nacional o costumeiro é a convivência.
Alguns, nos altos escalões, têm uma visão deformada do que consiste o exercício de um cargo administrativo. Pensam que, por passe de mágica, tudo se torna bem particular. E aí tudo pode.
O inverso também é verdadeiro. O ocupante de cargo de governo pensa poder exigir tudo do particular. Automóveis, aviões, helicópteros, lanchas, iates, casas nas cidades, no campo e nas praias.
Uns poucos vão além. Lançam-se em inoportunas viagens internacionais pagas por particulares interessados em obter vantagens. É costumeiro o oferecimento de favores a quem ocupa cargo público.
Não basta existir um Código de Ética Pública. Torna-se necessário que cada ocupante de cargo público incorpore à sua personalidade a importância de viver com sobriedade e respeito a limites.
Ainda agora os meios de comunicação apontam um ministro que abandonou a comitiva da presidente da República e aceitou “carona” em avião fretado por particular.
Tudo aconteceu porque o ministro desejava se exibir em reunião de empresários patrocinada por empresa privada. Uma desconsideração à presidenta da República. Uma violação a princípios básicos.
É comum a presença de autoridades em convescotes programados por operadores de vaidades. Ilhas paradisíacas são alugadas e todos se exibem: particulares e personalidades públicas.
Todos os poderes da República sofrem estes assédios e subordinam-se a este indecoroso reality show. Os mais altos integrantes do Judiciário, figuras do Executivo e qualquer um do Legislativo não sentem pudor.
As coisas vão de mal a pior. Governadores de Estado apresentam-se em danças bizarras junto a empresários. Prefeitos convivem com figurantes sociais de duvidosa reputação.
Não se deseja das personalidades públicas a pureza de uma donzela medieval. Mas, também não se admite a descompostura de um stritp- tease moral. Tirar de seu comportamento qualquer requisito de dignidade.
As sociedades contemporâneas estão sofrendo forte erosão. É necessário por paradeiro a esta avalancha de más imagens e piores atitudes. A cidadania – o comum das pessoas – exige comportamento digno de seus representantes.
É um risco para a democracia a perda do sentimento moral. Este regime, mais que qualquer outro, pede um comportamento com precisa escala moral os seus operadores.
Mensagens – torpedos – apontando para favores escusos. Aproveitamento dos cargos para a obtenção de benesses. O enriquecimento sem causa são elementos corrosivos.
Chegou a hora, quando a transparência se tornou obrigação legal e constitucional, dos dirigentes entenderem que não donos de uma fazenda em plena época colonial.
Avançamos. A democracia não permite gestos de indignidade. Verdadeiras agressões a cada cidadão. É chegado momento de se conviver com compostura.
Uma sociedade sem uma escala de valores éticos tende a fragilização. O mau exemplo corroe o todo social. Leva à criminalidade e à disseminação das drogas.
É preciso dar um basta ao atual cenário da vida política. Temos que avançar. O respeito ao valor ético e à lei são elementos fundamentais para permanência da democracia.
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