COLONIALISMO, SEMPRE VIOLÊNCIA


É amarga a situação dos povos colonizados.

Sofrem de todas as formas, físicas e psicológicas.

Quando da chegada dos invasores europeus ao Brasil, lá nos idos de 1500, os povos autóctones viviam livremente suas existências.

O mesmo ocorria por todo o continente americano.

Do Alasca à Patagônia, com diferentes graus de evolução, se distribuíam diferentes formações.

Foram submetidos, cinicamente, à escravidão ou aniquilados sem qualquer traço de respeitabilidade pelo ser humano.

Na última onda colonial, até marxistas defendiam a necessidade de reduzir a escravos os povos dominados.

Era função do europeu educar.

Esta amarga onda de agressões contra outros povos, iniciada no Século XVI e retomada após a Primeira Guerra Mundial, causou traumatismo em todos os contingentes humanos submetidos à violência do colonizador.

O tema é sempre cinicamente tratado e muitos dele fogem deliberadamente.

Ou por vergonha ou por covardia.

Raros são os documentos descritivos dos costumes dos colonizadores em terras ocupadas.

Afasta-se do tema.

É melhor esquecer, dizem alguns.

Outros, por interesses circunstanciais, chegam até a conceber elogios aos colonizadores, como se deu com determinado sociólogo.

É raro um documento retilíneo de quem viveu em terras colonizadas.

Isabela Figueiredo sai da costumeira covardia em expor a verdade vivida.

Cadernos de memórias coloniais é obra que foge à visão edulcorada do colonialismo.

Expõe com tintas expressivas os sofrimentos impostos aos negros de Moçambique pelo português.

Tudo faziam baseados no catolicismo e no patriarcado.

O homem português tudo podia.

Era o macho dominador e predador.

Tomava as mulheres negras como objetos.

Estas, em sua pobreza, não contavam com capacidade de reação.

Era a mera submissão.

A autora, em um misto de perplexidade e admiração, toma o próprio pai como a figura do colonizador.

Não respeita nada.

Distribui violência das mais variadas formas.

É um colonizador.

A obra de Isabela Figueiredo, ao retratar a presença portuguesa em Moçambique, faz o leitor brasileiro retornar no tempo.

E, aí, entender o sofrimento de negros e autóctones com os atos dos colonizadores em terras brasileiras.

Não há como adocicar à verdade.

Basta a leitura desapaixonada de Caderno dememórias colônias para se compreender os sofrimentos impostos a negros e índios durante séculos.

Somos o produto da violência.

Esta nos tornou apáticos.

Os governantes, nestas terras, imaginam-se tutores da sociedade.

Fazem de seus habitantes o que querem.

Amesquinham a todos.

Submetem a todos.

Todo titular de uma parcela de Poder mostra-se um colonizador.

Lembram os europeus dos primeiros tempos.

Aqueles enraizaram em nossa sociedade a concepção de que o Poder a tudo pode.

Principalmente humilhar e  submeter.

Olhe-se para o Brasil de hoje.

Captar-se-á os reflexos do colonialismo dos primeiros tempos.

 

 

 

Referências.

Isabela Figueiredo – Caderno de memórias coloniais – Todavia – São Paulo – 2018

Guido Liguori e PasqueleVoza – in Dicionário Gramsciano – Boitempo – 2017 – vide verbete: Colonialismo.

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