CINCO DE NOVEMBRO/ ONZE DE SETEMBRO


O cinco de novembro é data a ser registrada na História dos Estados Unidos. Poderá, no futuro, ser mais significativa que o onze de setembro, o dia da queda das torres de Nova Iorque.

Nesta segunda data, em absoluta surpresa aviões comerciais capturados por militantes lançaram-se contra o Pentágono e as duas torres. Um terceiro foi abatido pelas forças aéreas americanas.

Um forte golpe no moral do povo dos Estados Unidos. O continente jamais fora agredido por combatentes estrangeiros. Sempre pareceu intocável, em razão dos sistemas de segurança erguidos.

Quando o 11’s parecia esmaecer no tempo, ocorre nova dramática investida contra os símbolos de poder dos Estados Unidos. Não se sabe a motivação do autor. Pode-se, porém, se deduzir.

Ele, um major das tropas terrestres, sediado em base militar considerada a maior de todo o mundo, lança-se contra seus iguais e dispara armas contra os companheiros.

Entre os princípios que regem a camaradagem entre militares, se apresenta como essencial o da lealdade. O major Nidal Malik Hasan ao atirar sobre seus companheiros rompeu duramente o dever de lealdade.

No caso agrava-se a situação. Não feriu apenas aos seus comandados e companheiros. Foi além. Agiu contra o país que jurou servir. Percebe-se sem maior esforço a gravidade do episódio de Fort Hood.

Ele não se encontra circunscrito à repetição da onda de violência que envolve o interior dos Estados Unidos nestes últimos anos. Em universidades, igrejas e lugares coletivos se matam sem qualquer pundonor.

Esta sucessão de atos coletivos de agressão a inocentes, em si, mostra uma grave patologia. Uma sociedade enferma emerge em cada violência praticada.

Os estímulos das drogas – há quem queira liberá-las por aqui – a par da violência psicológica originária de um consumismo desenfreado levou a sociedade norte-americana ao estado atual.

Lamenta-se. Os Estados Unidos, no decorrer de sua História, foi palco de acontecimentos fundamentais na evolução dos costumes e mecânicas políticas por todo o Ocidente.

Equivocou-se a cúpula do poder americano quando imaginou ser possível – pela força – impor seus valores a outros povos. Outros caminhos poderiam merecer utilização.

As comunicações, tão rápidas e eficazes do momento contemporâneo, poderiam evitar choques sangrentos ao permitir a divulgação de valores e práticas.

Optaram pela prática das cruzadas dos tempos medievais. Conquistar e destruir baseados em fé unilateral. Criaram um pandemônio por toda a parte. Desconsideraram a dignidade da outra parte.

Agora, pela segunda vez, no interior do próprio território sofre ataque inusitado. O major atirador pode ter agido por impulsos meramente doentios. Um psiquiatra exausto do que ouvira de seus companheiros.

Pouco provável. A esta eventual fonte geradora de inconformismo brutal soma-se o ódio à guerra sem objetivo nos confins da Ásia. Lá, tombaram exércitos acostumados a duros embates.

Ninguém sobreviveu nos rochedos do Afeganistão. Os seus habitantes protegem seu território como as mães a seus filhos. O desespero dos futuros combatentes, antes do envio àquelas paragens, é imenso.

É pouco, porém. É análise meramente linear. Um episódio anterior ao massacre merece reflexão. Por que Hassan vestiu-se com hábitos árabes antes de retornar à base?

Certamente, por um evidente simbolismo. Ele quis demonstrar com precisão sua fé religiosa e seu inconformismo ao vestir trajes identificadores de seus valores espirituais.

Os Estados Unidos ganharam guerras, mas perderam a paz em seu território. O excesso de presença de suas tropas por toda a parte levou a um desgaste inevitável.

Esperava-se um gesto soberano de Obama, detentor de Prêmio Nobel da Paz. Não aconteceu. Começa, agora, para o presidente democrata dura marcha para a impopularidade. Governar é ato difícil. Afronta, por todos os lados, interesses e, no caso, culturas antagônicas.

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