CANSEIRA COLETIVA


Os candidatos a prefeito que se cuidem. A campanha será difícil. Há uma profunda canseira popular. Os eleitores querem conhecer novas emoções e novas propostas.

Registrar conquistas passadas – por mais significativas – já não empolga a consciência cívica do eleitorado. Ele deseja algo novidadeiro. Capaz de gerar esperanças.

Não será o caso Cachoeira ou o Mensalão, por mais divulgação que obtenham, que alterarão o emocional da sociedade. Notícias, quando sempre as mesmas, tornam-se entediantes.

O primeiro debate realizado pela televisão mostrou candidatos despreparados. Repetiram velhos chavões do passado. Os partidos foram incapazes de gerar novos potenciais prefeitos.

Quando o fizeram, falharam na escolha do novo. O novo candidato, como qualquer produto, precisa contar com traços definidos. Dizer para que veio. Apontar para as suas próprias qualidades.

A mesmice cansa o mais fiel correligionário. Afasta qualquer novo adepto. Fica o vazio. Este leva a escolhas impensáveis. Os mais inesperados resultados podem surgir das urnas.

Não basta contar com bons marqueteiros. Ninguém consegue vender um Ford 29 como um veloz veículo da Fórmula 1. A verdade sempre surge no decorrer de uma campanha.

Muitos esperam que o início do horário gratuito possa alterar a atual situação. É possível. Os precedentes apontam para esta direção. Ocorre que o eleitorado evoluiu. Já sabe separar o joio do trigo.

Se isto for verdade, os tediosos programas de rádio e televisão obrigatórios poderão levar o eleitor a uma análise crítica. A uma censura ao artificialismo dos métodos eletrônicos de fazer campanhas.

Os partidos e seus candidatos precisam, urgentemente, retornar às reuniões nos bairros. A debates com a comunidade. A exposição clara de idéias. A criar esperança.

A política é a arte de antever o futuro. Oferecer novas perspectivas. Não é mera exposição tecnocrata. As pessoas gostam de confiar. Acreditar nas palavras de seus lideres.

Hoje, as campanhas não possuem calor humano. Só obra de pessoas alheias ao cotidiano. Vivem de eleições. Aproveitam-se dos políticos. Não são capazes de recolher a verdadeira vontade popular.

O político deve voltar a ser titular do centro das campanhas. Os marqueteiros já criaram tantas situações vexatórias. Já são conhecidos seus métodos e maneiras de atuar.

Os candidatos precisam voltar à simplicidade. Irem à televisão em exposição direta. Sem jogos eletrônicos. Alheios a figurantes artificiais. Falar livremente ao eleitorado. Estabelecer vínculos afetivos.

Ninguém mais acredita em programas adocicados. A realidade é muita cruel. As pessoas estão submetidas a imensas dificuldades diárias. Convivem com carências. Estão esgotadas.

No final das campanhas, os velhos e oportunos comícios indicavam a efetiva popularidade dos candidatos. Agora, partidos e candidatos fogem assustados de comícios.

Democracia exige participação. Aparecer de maneira fugaz, nos bairros, para captar imagens para a televisão remuneradas, é no mínimo censurável.

Deseja-se e se quer os candidatos expostos como seres humanos. Cidadãos a busca de voto. Esconder-se. Fugir ao cotidiano é recolhido pelo inconsciente coletivo. As urnas darão a respostas aos ausentes das ruas. Estúdio de televisão é bom para produzir novelas. Homens públicos se constroem junto ao público.

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