AS FAVAS, A HISTÓRIA


 

 

Non esser e bugiardo del pretérito*

 

 

Pedro de Alcântara Carlos João Lourenço Miguel Rafael Gabriel Gonzaga de Bourbon de Orleans e Bragança

descendente de

Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaéla Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança.

Fala-se, nada mais nada menos, de Dom Pedro, bisneto da Princesa Isabel.

Nestes tempos contemporâneos, onde os espaços e o dinheiro andam curtos, D. Pedro teve que deixar o velho e decadente palácio onde vivia em Petrópolis.*

Mudou-se, como qualquer plebeu, para um prosaico apartamento na fluminense Itaipava.

Até aqui, registram-se agruras próprias dos cidadãos desta República, cada vez mais madrasta com seus súditos.

Há mais, porém.

O mais fanático republicano de 1889 não imaginou limites mais amplos para desgastar a Família Imperial.

Estes existem, contudo.

São perversos os atuais detentores da República.

Em razão da crise econômica ou por falta de espaço, D. Pedro submeteu a leilão os bens pessoais deixados por sua bisavó.

Objetos de uso familiar ou pessoal da Princesa Isabel foram colocados a disposição de plebeus, sem qualquer obstáculo.

Pedro, o herdeiro, não teve condições para preserva-los.

Nesta República, onde tudo é possível, ocorrem episódios inaceitáveis:

Nenhuma  esfera da Federação – União, Estados e Municípios – agiu.

Em qualquer sociedade organizada, os bens das figuras maiores são respeitados e preservados.

Sequer os revolucionários soviéticos destruíram os palácios de São Petersburgo.

Os norte-americanos sacralizam os locais e objetos antes utilizados por suas figuras tutelares.

Os japoneses, coreanos e alemães, entre outros povos, preservam os documentos de suas dores e glórias.

Neste Brasil, de corrupção planetária, nenhuma autoridade buscou preservar o patrimônio histórico e sentimental de Isabel.

Os bens poderiam ser desapropriados.

A importância, para este ato, atingiria cerca de um milhão de reais.

Nada se fez.

Os bens não foram encaminhados para um museu.

Foram diluídos entre colecionadores particulares.

Eventualmente, alguns conduzidos para o exterior.

Perdem-se objetos de uma figura que, por anos, marcou a História do Brasil.

O Brasil não tem História.

Conta apenas com descalabros.

Razão teve Deodoro, o proclamador, quando teria afirmado a um sobrinho:

“… República no Brasil, é desgraça completa …” **

É verdade.

Uma desgraça completa constatar-se que nada se preserva.

As favas, a História e seus vultos.

A liquidação é completa.

Vende-se tudo.

Valores históricos e morais.

O que sobrará para as gerações futuras?

Como herança, comportamentos devassos.

 

 

Referências:

 

 

 

*Da Vinci, Leonardo – Aforisimi – GiuntiDemetra – Firenze – 2006

* *Folha de S.Paulo, Poder, A9 – quarta-feira, 19 de abril de 2017

***Sena, Ernesto – Deodoro: Subsídios para a História. – Senado Federal – Brasília – 1999

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