AMARGA VERDADE


Fratelli, um tempo stesso, Amore e Morte**

 

 

Carl Schimitt, o culto e controvertido autor alemão, certa ocasião se dispôs a responder perguntas de um estudante a respeito do Poder.

O estimulante diálogo* oferece inúmeras passagens dignas de meditação.

Parte o pensador alemão, da célebre frase:

Homo homini homo.

Ou seja, o homem é um homem para o homem.

Ou ainda mais claramente:

O homem é o lobo do homem.

Isto quer dizer que o inimigo do homem é o próprio homem.

O pensamento aplica-se com exatidão ao atual momento político que se vive em nosso País.

As pessoas tornaram-se odientas umas com as outras, sem qualquer subterfúgio.

Sofrem agressões imerecidas a todo momento, mesmo que não possuam diretamente Poder.

Esta semana registrou-se o ponto final de amarga situação.

Foi suportada por uma dona de casa, esposa de um ex-presidente da República.

Uma mulher dedicada ao lar e, portanto, a cuidar dos afazer cotidianos de uma casa, em companhia de filhos, noras, netos e marido.

Dedicava-se ao amor familiar.

Tudo no velho estilo tradicional dos antigos lares, onde a mulher vivia no interior das famílias e a estas concedia o afeto feminino.

Nunca exerceu cargos públicos.

Sempre viveu à sombra do marido, algum tempo atrás, poderoso.

Esposa e mãe foi exposta de maneira agressiva e deformada à opinião pública.

Meros movimentos de uma mulher zelosa – preocupada com as coisas singelas do dia-a-dia – levaram-na a execração pública.

Sofreu tortura psicologia intensa.

Todos os dias sua imagem exposta sem qualquer respeito à sua integridade moral e a sua privacidade.

Poderá se afirmar que estes episódios são consequências de sua ação política indireta.

Mero argumento diversionista.

A imagem de uma pessoa foi violada com violência inaudita.

Agressivamente. Duramente. Inadmissivelmente.

Tudo que ocorreu, nestes últimos meses, com diversos  figurantes da cena pública ou de meros coadjuvantes aponta para algo errado.

Há limites para a exposição de pessoas pelos meios de comunicação eletrônica.

Já é tempo de conviver com o respeito exigido por todo o ser humano.

Será possível a condenação pública das pessoas, sem o devido processo legal?

Vale a divulgação deformada de notícias?

É admissível o uso da autoridade sem limites? De acordo com as visões meramente pessoais?

Uma democracia não prospera quando determinado setor da burocracia estatal quer se colocar em posição de superioridade.

Razão possui quem afirmou que todo Rosbespierre ingressa no Poder como numa jaula.

Torna-se prisioneiro de seus próprios instintos.

É o que acontece por parte de determinados segmentos da vida institucional do País.

Dominaram o corpo social. Fizeram  com que este perdesse sua organicidade.

A sociedade esta fenecendo.

Vai morrer, tal como as pessoas naturais.

Sem recíproco respeito é impossível conviver.

É questão óbvia.

* Diálogo sobre el poder y el acesso al poderoso.

Carl Schmitt

Fondo de Cultura Económica

Impresso na Argentina – 2010

**     Consalvo di Cordova

 Chi L’HaDetto ?

Editore UlricoHoepli

Milano – 10a. Edição – 1983

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