ABAIXO A UNIVERSIDADE!


UniversidadesEm 1562, as Cortes portuguesas debateram assunto coerente com os dias atuais da antiga colônia, estas terras do Brasil.

Em razão do grande dispêndio exigido pelas fortalezas africanas, propuseram a extinção da Universidade de Coimbra.

Os estudos universitários, segundo os membros das Cortes, eram prejudiciais ao reino. Quem quisesse estudar que fosse para Salamanca ou a Paris.

Por aqui, as universidades públicas vão minguando. Empobrecem. Perde-se rico acervo armazenado durante anos.

Ainda mais lamentável, a situação das instituições com longas tradições.

Constatar a perda de renome da Universidade de São Paulo é patético.

A fragilização da Unesp e da Unicamp, apenas para nos atermos ao estado de São Paulo, é muito preocupante.

São centros de excelência com grande contribuição  à sociedade para a solução de problemas sociais e de saúde.

É imponderável o acervo de conhecimento nas áreas humanas conferidos à comunidade nacional por estas instituições.

A fragilização da universidade pública – particularmente as paulistas – é ação nefasta que terá grandes consequências no futuro.

Uma sociedade pobre em pesquisa científica e acréscimo constante de saberes torna-se presa fácil dos povos evoluídos.

Caminhamos para permanecer como um país  exportador de matérias prima e importador de bens supérfluos.

É sina nacional desde os primórdios da chegada dos portugueses.

Trocamos pau brasil por espelhinhos. Peles de animais nativos por missangas.

Querem exatamente a manutenção deste estágio.

Permanecer em um passado amargo e repleto de depredações.

É nossa sina dramática.

Ninguém protesta. Ninguém fala mais alto.

Os docentes se recolhem a grandeza de seus postos na carreira.

Os discentes preferem baladas à defesa de suas instituições.

Chegamos ao fundo do poço.

Não há mais vozes vivas a alerta para o desastre que se aproxima.

Caminhamos para o precipício sem qualquer gesto de salvação.

As pessoas perderam o rumo.

Estão acovardadas. Sem norte. Só vêem patifarias ao seu redor.

Que se dane a universidade. Aí a tragédia.

A universidade deve ser reconhecida como fonte geradora de novos conhecimentos. Novas descobertas.

Não é mera expedidora de diplomas.

Se este é o panorama da universidade pública, ainda mais preocupante se apresenta o cenário do setor privado de ensino.

As escolas confessionais sempre mantiveram um nível bom de ensino e buscam incentivar a pesquisa com denodo.

Surgiram as particulares.

Poucas preocupadas com o ensino. Verdadeiras usinas arrecadadoras de moeda.

Ingressou o capital estrangeiro. Deixou-se a preocupação com os valores nacionais. As tradições pátrias.

Pagou, levou. É a situação de muitos estabelecimentos de ensino.

As autoridades educacionais deferem ao Cade a analise das grandes fusões e incorporações entre entidades privadas. Geram-se mastodontes.

Pouco importa a qualidade do ensino.

Lavam as mãos. O assunto não é com elas.

Triste país onde todos fogem de suas responsabilidades.

Todos se calam. Ninguém quer ver a realidade.

Estão desnacionalizando o ensino. Nada contra o intercâmbio de conhecimentos. Mas, antes deste, é preciso formar uma consciência própria. Nativa.

Perdemos nossa vez no trem da História.

A universidade vai se desmantelando, tal como o Brasil.

Destrua-se a universidade.

É o novo lema de uma sociedade sem rumos.

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