A SABEDORIA DO SILÊNCIO


Sabio es quien escucha, y necio quien se escucha.*

É impressionante como os atuais juízes brasileiros, particularmente ocupantes dos tribunais federais, usam da palavra continuadamente.

E o fazem, no decorrer dos julgamentos, como é da obrigação de cada um, e nos mais diversos locais, aqui e no estrangeiro.

Diziam os antigos que os assuntos da política interna do Brasil não deviam ser tratados no exterior.

Tancredo Neves, quando no exercício da liderança parlamentar, oferecia sempre uma lição aos seus liderados, mesmo quando na oposição:

“ Quando o assunto é Brasil, a gente deve estar sempre com o Brasil”.

Outros tempos.

Agora, nossos magistrados expõe assuntos internos do país, nas mais diversas situações, pouco preocupados com a imagem do Brasil.

Parecem figuras apátridas.

Sem qualquer vinculação com o solo, os costumes, os valores, enfim com a nacionalidade.

Criou-se, após a democratização, o Conselho Federal de Justiça, órgão competente para conhecer as eventuais deformações ocorridas na nobre tarefa de judicar.

Tornou-se um órgão corporativo de defesa dos interesses classistas.

Nenhuma diretriz sobre o comportamento dos magistrados a respeito de temas políticos.

Ao contrário, parece existir um dogma: Falem o que quiserem, o CNJ garante.

É uma pena.

A cidadania anda amargurada. Sofrida. Seus representantes são uma tragédia. Só defendem temas particulares.

Apenas lutam por seus próprios privilégios.

O Estado tornou-se fonte de favores e benesses.

Nada pela sociedade. Esta vira-se para sobreviver.

Ora, neste cenário, esperava-se do Poder Imparcial – o Judiciário – comportamento exemplar.

Isento de parcialidade.

Cumpridor de rigoroso código ético.

Um magistrado seria um sacerdote.

Nada disto.

A volúpia gerada pelo consumismo corroe também a magistratura.

Todos parecem querer, como um já disse, comprar ternos em Miami.

Com a mesma desenvoltura que emitem frases inaceitáveis, a respeito dos costumes, ingressam em temas altamente controvertidos.

Parecem titulares de direitos divinos. Não respeitam nada, sequer a vontade popular.

Duas vezes a cidadania disse claramente “não” ao parlamentarismo e, no entanto, magistrado deseja por vias indiretas voltar ao assunto.

Chega!

A sociedade está exausta dos maus políticos – basta ver as pesquisas de opinião – e exangue do palavreado, fora do lugar, de alguns magistrados.

Deviam aprender com o povo: Boca fechada não entra mosquito.

Ou de forma mais qualificada: O silêncio de ouro.

 

 

 

Referência:

* in Dichos y Proverbios.Diaz, José LuisGonzaléz Emimat Libros – Madri – Espanha – 2013.

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