A RUÍNA INEVITÁVEL


A criminalidade aumenta. Os jovens ingressam cedo na má vida. Tudo parece se desmoronar. A sociedade perdeu seus parâmetros de comportamento. Encontra-se sem rumo. Esgotada.
No passado, havia as ideologias. Direita e esquerda confrontavam idéias. Partiam para situações de ponta. A direita tradicionalmente operava “golpes de Estado”. A esquerda, em contrapartida, realizava agitações e, em casos extremos, ingressava na luta armada. A velha e ágil guerrilha, tão conhecida de nossa História.
Ambos combatiam. Nem sempre o bom combate. Mas, preocupavam-se com idéias. A direita pela preservação de valores concebidos pela trajetória do Ocidente católico: Deus, Pátria e Família. A esquerda lançava-se na conquista dos novos direitos. Os direitos sociais sempre negados à maioria das comunidades. Desejava mudanças. Procurava a igualdade entre as pessoas.
Este combate, de onde surgiam vítimas de ambos os lados, produzia solidariedades. Permitia a soma de muitas vontades na busca de objetivos comuns. Havia ideais.
Tudo isto desapareceu. O passado, quando rememorado, parece tão distante que já não preocupa a maioria da sociedade. Esta se encontra em outro estágio. Este novo estágio é o que preocupa. Ingressou-se em um consumismo sem limites. Tudo é objeto de consumo. Pessoas e os mais variados objetos. Tudo se vende. Tudo se compra.
O mercado – deus tonitruante – é avassalador. Invadiu todos os poros de cada pessoa. É preciso comprar. À vista ou a prazo. Pouco importa. O importante é possuir. Mesmo que efemeramente.
Não há conteúdo no ato de consumir. Apenas a vontade de ter. Nada mais que isto. E, para ter, as pessoas são capazes das mais abomináveis ações. Corrompem. Viciam. Assaltam.
A criminalidade indiscriminada que invade nossas cidades é conseqüência natural deste estado de coisas. Não há mais valores morais. Tudo é permitido. O importante é ostentar.
É óbvio que este estágio social só pode conduzir a um inevitável caos. A luta armada agora não contém traços de idealismo. Mata-se pelo relógio mais vulgar. Agride-se pelo celular mais obsoleto. Violam-se mulheres sem pudor. Fuma-se um baseado para fugir da realidade. Consomem-se drogas por emulação. Bebe-se por que, diariamente, a cidadania é submetida a uma lavagem cerebral. Tudo que é bom é proporcionado pela cerveja ao alcance das mãos.
Os governos? Calam-se. São manietados pelos grandes empresários. Precisam se reeleger. Fazer onerosas campanhas eleitorais. Nunca despendem verbas, nos meios de comunicação, para educar. Só importa falar bem de si próprio.
Todos, por sua vez, procuram preservar suas posições. Pouco importa que, em futuro próximo, a guerra civil plena estará instalada. É só esperar. Nenhuma sociedade resiste à impunidade e ausência de princípios.
Hoje o que manda é o mercado. Ele pode tudo. Pode inclusive levar as sociedades ocidentais para a total degradação. Falta pouco. É bom lembrar: aquele que não se preocupa com a coletividade é um malfeitor. Ainda é tempo de mudar hábitos e comportamentos.
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