TEMPO DE REFLETIR


Nesta segunda feira, cada eleitor poderá dizer: no domingo, as eleições. A campanha cívica aproxima-se de seu final. Todos os segmentos sociais e todas as idéias políticas tiveram seu espaço.

Nunca tantos partidos de esquerda ofereceram seus posicionamentos. Raras vezes, como nesta campanha, a direita mostrou todo o seu furor. Reuniu-se em pequenos grupos. Criou falsos temores.

A democracia conviveu com todos os antagonismos de forma serena e superior. Os grandes setores sociais mostraram-se críticos, sem provocar qualquer extremismo.

Um colégio eleitoral ativo, imenso como o brasileiro, tem conferido exemplos de pleno respeito aos princípios políticos democráticos. Tudo foi argüido contra este ou aquele candidato.

A sociedade assistiu impassível às múltiplas insinuações e às desconfortáveis situações. Recolheu todos os elementos em sua consciência. No próximo domingo, concederá seus votos, nos candidatos aos vários cargos eletivos, com a certeza de quem recolheu elementos para uma decisão qualificada e nítida.

Se alguma comparação fosse possível – as comparações em política sempre se apresentam insatisfatórias -, a campanha, que ora chega ao seu final, aproxima-se daquelas dos anos cinqüenta.

De um lado, um líder popular, como Getúlio naquela época, e de outra parte pequenos segmentos urbanos, politicamente marginalizados, na busca de criar imagens artificiais e, pois, sem conexão com a realidade.

A diferença básica, entre os anos cinqüenta e esta primeira década do século XXI, é a expressiva ausência de repercussão dos posicionamentos de direita no cenário político.

Por paradoxal que pareça, as personagens atuais da direita brasileira são as mesmas que combateram o nativismo dos anos sessenta, que levou a construção de grandes obras de infra-estrutura.

Não se conforma, a direita, em perder privilégios e constatar que a sociedade, desde a democratização, movimentou-se e avançou para tornar os brasileiros mais iguais, apesar das imensas diferenças ainda existentes. Aqui, como em toda a parte, a direita sempre se mostra irracional, perversa e sem nítidos posicionamentos. Quer uma ordem sem espaços para a vida. Uma lei sem possibilidades iguais para todos.

Felizmente, os pequenos movimentos de direita, apesar das muitas ampliações de suas falas, não atingiram o fundamental: a estabilidade das instituições.

Apesar das escaramuças verbais, a economia manteve-se sólida e confiante. As pessoas foram e retornaram para seus locais de trabalho com a normalidade da rotina do cotidiano.

Os meios de comunicação – agora incluída a internet e os demais veículos eletrônicos – mantiveram-se ativos e alguns contundentes. Nada foi cerceado, sequer por meio do Judiciário.

Esta semana é a última etapa de um processo eleitoral exitoso. Um exemplo para quem pretenda aprender democracia. Resta, agora, esperar o voto do eleitor. Ele apontará o melhor para a sociedade.

Os brasileiros, em todas as ocasiões, quando foram chamados a escolher o presidente da República, sempre o fizeram de acordo com as circunstâncias e com as necessidades sociais do momento.

Não será diferente nesta oportunidade. Os candidatos colocados à disposição do eleitor contam com posicionamentos bem definidos e histórias de vida repletas. Dignas de respeito.

O eleito terá pela frente, entre as tarefas rotineiras de dirigir o Estado, a missão de reconstruir as estruturas legais que suportam a vida dos partidos políticos.

Os processos de redemocratização conduzem ao aparecimento de múltiplas legendas. As democracias estáveis exigem a racionalização do quadro partidário.

A economia vai bem. Basta continuar na trilha traçada. Os costumes partidários vão mal. Exigirão atenção, cuidado e sensibilidade do futuro presidente da República.

Na hora de votar, é preciso lembrar esta exigência do nosso quadro partidário. Como está, não pode ficar.

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