COMEÇOU A CORRIDA


Deram a partida. Os trinta partidos políticos deram a largada, nesta última sexta-feira (6). Mais uma temporada eleitoral. As ruas foram tomadas de bandeiras e pessoas – espontâneas ou pagas – em caminhadas.
É espetáculo que se repete desde 1532, quando os portugueses instalaram a cidade de São Vicente, no litoral paulista. Trouxeram, debaixo do braço, o livro negro das multinacionais da época: as Ordenações do Reino.
Ao implantarem a primeira câmara municipal, os colonizadores davam início a uma prática que, poucas vezes, sofreu interrupção na História brasileira.
Pode-se afirmar que as eleições eram corrompidas. Venciam os titulares das grandes propriedades ou magistrados, autorizados a se candidatar até a Revolução de 30.
Mas, o mecanismo eleitoral sempre se colocou em funcionamento, permitindo que a atividade cívica – entre erros e abusos – se concretizasse de tempos em tempos.
Houve exceções. Durante o Estado Novo, regime capitaneado por Getúlio Vargas, os pleitos foram suspensos. Os dirigentes da época, de maneira particular Francisco Campos, eram visceralmente antiliberais.
No entanto, em todos os demais períodos – monarquia e República – o eleitor foi sempre chamado às urnas. No Primeiro Império, de maneira universal. Os analfabetos votavam.
A República, com seu falso racionalismo, estreitou o eleitorado. Vetou aos não letrados a participação nos acontecimentos eleitorais. Foi pena. Limitou o crescimento da cidadania durante longo período.
Hoje, todos votam. O eleitorado nacional é dos mais amplos. Do analfabeto ao jovem de mais de dezesseis anos, todos são chamados às urnas.
Este imenso contingente de eleitores tem árdua tarefa no próximo mês de outubro. Deve escolher prefeitos, vice-prefeitos e vereadores dos mais de cinco mil municípios.
A eleição é sempre um espetáculo cívico comovente. A vibração dos eleitores sempre se encontra presente onde possam se apresentar os candidatos.
Há uma busca de conhecimento por parte dos eleitores. Eles se aproximam dos candidatos. Apresentam-se sorridentes Gostam de ouvir as exposições.
Acontecimentos ocorridos em outros países, no decorrer das campanhas, são raros no imenso espaço territorial brasileiro. Não há violência política endêmica. Ao contrário, existe um liame de respeito entre os candidatos e a cidadania.
Esta campanha não será diferente. As velhas figuras ou os novos rostos serão recebidos e ouvidos, mesmo que tenham pouco de novo a dizer. A rotatividade nos cargos é bem recebida pela sociedade.
Em cada município, a mensagem será diferente. As campanhas para as prefeituras, por mais que insistam alguns candidatos, são sempre envolvidas por temas locais.
Os assuntos nacionais têm lugar próprio. O munícipe quer saber como serão resolvidos os problemas que afligem sua vida cotidiana. Não estão, neste passo, preocupados com temas federais.
Alguns candidatos não pensam desta maneira. Querem nacionalizar os temas de suas campanhas. Erram. Não serão bem recebidos pelos eleitores. Estes, no momento, estão preocupados com o dia-a-dia.
Lá, no passado, nos idos do Século XVI, na primeira eleição, os votos foram recolhidos em cabaças e estas fechadas em baús. Estes eram abertos um ano depois do pleito. O eleitorado era constituído apenas pelos “homens bons”, aqueles que possuíam posses.
Hoje votam todos em urnas eletrônicas que tornam as eleições nacionais as mais eficientes e ágeis. Não se fala em corrupção eleitoral. Há plena confiança na Justiça Eleitoral. Uma conquista nunca lembrada.
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