A CAMINHO DO CAOS


Uma rápida viagem por países da América do Sul permite uma constatação surpreendente. Os nossos irmãos aprenderam a conviver com a limpeza e com a urbanidade.

As ruas apresentam-se limpas. As paredes dos edifícios não sofrem agressões de pichadores de mau gosto. A iluminação pública propicia um clima de segurança.

Tudo isto discrepa das vias urbanas pátrias. A imundícia faz parte do cotidiano de nossas ruas e avenidas. Não existe o menor respeito pelos espaços públicos.

Os administradores, por aqui, preocupam-se em realizar enganosa publicidade sobre suas obras.

Mostram estradas já construídas. Apontam para metro qualificado, quando todos os usurários conhecem as deficiências dos serviços oferecidos.

Apresentam melhorias aparentes em hospitais semi-inaugurados. Exibem algumas creches, enquanto a falta deste serviço é conhecida e proclamada pela Justiça.

Ora, por que as autoridades nacionais não deixam de ser cínicas e agentes de mentiras? Bom seria se as enormes verbas publicitárias usadas para o mesmo de sempre tivessem outra finalidade.

Como acontece em outros países – e já se deu aqui no Brasil, sem continuidade – o importante seria o lançamento de campanhas educativas de longo prazo.

Estas apontariam para as boas práticas da cidadania. Nada de lançar detritos nas vias públicas. Os edifícios públicos e privados precisam ser respeitados e conservados.

Indicar os pontos significativos de cada cidade a fim de gerar a identidade cidadã. Criar uma consciência da importância de alguns locais históricos de cada município. Estimular o sentimento de pertencer a um determinado ambiente e este fazer parte da personalidade de cada morador.

Estas, sim, se apresentariam como campanhas publicitárias válidas. Já esgotou a boa vontade da comunidade a mera apresentação de obras públicas. Estas campanhas engordam os publicitários. Não produzem nada de concreto.

Educar para viver dentro dos parâmetros da boa convivência coletiva é algo fundamental e esquecido na atualidade nativa. Aqui o individualismo chegou às últimas conseqüências.

Só interessam os motivos pessoais, mesmo que estes se coloquem contra a coletividade. Pouco importa a convivência com o lixo lançado por toda a parte. O importante é ficar livre de qualquer ônus.

Os nossos vizinhos realizaram campanhas cívicas e suas cidades, hoje, são exemplos de comportamento civilizado de seus cidadãos. Tudo diferente do que ocorre nestas terras.

Aqui é o reino do vale tudo. As leis deixam de ser cumpridas. Pouco importa os ônus à coletividade e os danos causados a terceiros.

Um faz de conta envolve nossa sociedade. Os governantes fingem que administram – e se encantam com sua própria publicidade – e a cidadania, por sua vez, finge que cumpre os regulamentos.

Não vai dar certo. O caos produzido, dentro deste cenário, é inevitável. Vai ser um Deus nos acuda. Cada um por si e que se lixe a comunidade. Os governantes, que deviam exercer uma função pedagógica, não possuem, no geral, o mínimo senso ético.

Querem levar vantagem em tudo. Dos cabelos ao avião oficial.

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