MERCADO DE CONSCIÊNCIAS


Na ciclotimia própria da política, um novo modismo surge no noticiário.

O ingresso, às claras, do “mercado” de maneira direta no jogo político.

Empresários criam partidos.

Personalidades mostram-se propensas a incentivar a concretização de fundos de financiamento eleitoral.

Querem investir (sic) em futuros representantes do povo.

Ou seja, os representantes do povo serão representantes tão e exclusivamente do capital.

Isto é, dos financiadores de campanhas.

O povo que se lixe.

Alguém poderá argumentar que será melhor.

Não se darão os financiamentos ocultos, tais como se constata nas ações penais em curso no Rio de Janeiro e Curitiba.

A compra de consciências será a céu aberto.

Nada de conventilhos.

Nada de contas secretas.

Tudo arejado e confortável, dirá o falso moralista.

Na verdade, estamos longe da política partidária imaginada em outras épocas.

Facções em luta por ideais.

Pensamentos definidos:

Direita,Esquerda e Centro.

Todos, dentro em breve, só terão um símbolo: o cifrão, ou mais precisamente este: $.

Oportuno que todos os segmentos sociais ingressassem na arena política.

Com paridade de armas, porém.

Parece não ser este o futuro.

Preocupa.

No passado, um presidente já disse:

“ Nosso governo está desde alguns anos sobre o controle dos chefes de grandes sociedades anônimas ligadas a interesses particulares”.

 prosseguia o mesmo presidente,

“… (isto)tem efeitos de grande alcance na existência de qualquer habitante, pois impõe situações injustas …”.*

 

Este presidente dirigiu a mais pujante sociedade do Ocidente.

Conheceu por dentro a dominação do capital.

O Brasil, só agora, está vendo as entranhas do mau uso do dinheiro em campanhas.

Verá, no futuro, a legalização da aquisição de consciências no novo mercado: o da política.

Uma lástima.

 

 

Referências:

*Presidente Woodrow Wilson dos Estados Unidos in Luigi Ferrajoli – Principia iuris – Editorial Trotta – Madrid – 2016.

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