SEQUELAS DO COLONIALISMO


 

Há temas que saem do noticiário e parecem desimportantes.

O esquecimento é forma de fragilização das mentes individuais e dos povos.

Já não se ouve referências ao colonialismo.

Suas consequências, no entanto, se encontram presentes em grandes  regiões do planeta.

No Oriente Médio, aspectos do colonialismo conduzem a conflitos bélicos e religiosos de extensão considerável.

São tão graves estes conflitos que se espalham – por intermédio do terrorismo – por todos os continentes e atinge os chamados países centrais.

A nossa América, a partir do Século XVI e por longo tempo, foi vítima das ações colonialistas.

Nenhuma das três Américas se viu distante da sanha colonialista.

Quando esta se dirigia à busca das riquezas naturais era grave, mas reversível, em alguns casos.

Dramático é quando o colonialismo avançou sobre as populações autóctones, destruindo culturas e violando existências humanas.

O genocídio contra os naturais da América colonizada pelos ibéricos é conhecido.

Desde a civilização asteca, passando pelos maias, e atingindo os povos guaranis, todos conheceram um extermínio virulento e cruel.

Contudo, este fenômeno não ocorreu apenas no espaço de conquista dos ibéricos – espanhóis e portugueses – mas também lá acima do Rio Grande.

O Canadá, aparentemente tão à margem de grandes tragédias e conflitos, conheceu uma das ações mais infames do colonialismo.

Estas ações se deram no chamado Canadá moderno (1867).

Milhares de crianças autóctones foram retiradas de suas família, a força se necessário, e entregues a estabelecimentos religiosos.

Estima-se que mais de 150.000 crianças foram internados em pensionatos.

Esta prática levou a abusos físicos, sexuais e a suicídios.

Deixou, como óbvio, profundas sequelas em suas vítimas.

A violência contra a dignidade dos povos autóctones visava eliminar as línguas indígenas e romper os traços familiares e comunitários.

Somente em 2006, após longa luta política e jurídica, um acordo legal foi estabelecido.

Criou-se a Comissão da Verdade e da Reconciliação.

Os seus trabalhos se estendem no tempo, mas as sequelas deixadas na alma de milhares de pessoas permanecem.

As igrejas envolvidas neste infame processo buscam rever os males produzidos por este passado comprometedor.

Muitos canadenses consideram, no entanto, a atual política adotada, após a criação da Comissão da Verdade e da Reconciliação, mera política de distração.

Esta mesma política de distração que se adota, aqui no Brasil, para a revisão de nossa convivência com fortes traços colonialista.

É só observar ao redor de cada um.

 

 

Referências

Roussel, Jean-François – Iglesias y teologia en Canadá depues de los pensionatos autóctones – Los dificiles caminos de la verdad, de reparicíon y de la descolonización.

In Concilium – Revista Internacional de teologia – Tema monográfico: Minorías – junho de 2017.

Editorial Verbo Divino – Editora Vozes – Petrópolis.

Borja, Rodrigo – Enciclopedia de la política – Fondo de Cultura Económica – México – 1997.

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