O VOLÁTIL VOTO PAULISTANO


Se houvesse uma cidade de homens bons, a luta se produziria, precisamente, para não governar, enquanto que agora ela existe para alcançar o Poder.

Sócrates

eleitor

Nada melhor que a distância proporcionada pelo passar do tempo para uma análise mais equilibrada dos resultados eleitorais.

O pleito do último dia 2 de outubro apresentou os resultados esperados.

Talvez surpreendente no caso da capital paulista.

Os analistas aguardavam um segundo turno e o inesperado ocorreu.

Um candidato venceu seus concorrentes já na primeira volta.

Somou-se a este resultado uma série de fatores favoráveis ao vitorioso.

Suas qualidades pessoais, próprias para o momento político.

A degeneração dos segmentos de esquerda, em virtude de episódios ocorridos no campo da  criminalidade.

A revolta contra a atividade política em virtude do uso irregular dos equipamentos do Estado.

Soma-se, ainda, a presença de um produto eleitoral novo e melhor embalado.

No espaço dos derrotados, velhas figuras sem expressão no tempo presente.

Suas mensagens eram ultrapassadas.

Já viveram seus momentos de glória. Esta é efêmera.

Mas, se assim podem ser analisados os integrantes do embate eleitoral,  na condição de candidatos, falta uma verificação a respeito dos eleitores.

Aqui se encontra uma incógnita a ser resolvida, ainda porque o corpo eleitoral devora candidatos com grande ferocidade.

Especialmente em São Paulo onde se apresenta uma ciclotimia cívica constante.

Os paulistanos, em cada eleição, trocam de polo.

Basta observa os resultado dos pleitos após a implantação de eleições diretas nas capitais.

Em cada resultado, a partir de 1985, se alteram as posições do eleitorado.

Viaja-se da direita para a esquerda com a velocidade de uma biruta.

Retorna-se da esquerda para a direita com mesma impulsividade.

Não se busca manter coerência.

Basta ver a figuras eleitas, após a escolha dos prefeitos pelo voto da cidadania, para se constatar o fenômeno enunciado:

Jânio Quadros,

Luiza Erundina,

Paulo Maluf,

Celso Pitta,

Marta Suplicy

José Serra,

Gilberto Kassab,

Fernando Hadadd

e, finalmente,

João Dória.

É impressionante a ausência de continuidade doutrinaria do eleitorado paulistano, como se constata do currículo dos prefeitos indicados.

O eleitorado parece composto de utilitaristas.

Ou, como em certa ocasião registrou Giovanni Sartori, sobre os italianos, assemelha-se a moscas cegas.

A escolha da definição do nome da gangorra eleitoral paulistana fica para cada um dos eleitores.

Só eles poderão apontar para a fonte de tamanha inconstância.

Afoiteza? Ou alto grau de exigência?

De qualquer maneira, quem perde é a continuidade administrativa.

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