BREXIT, O INEVITÁVEL


Muitos analistas oferecem um ar catastrófico sobre os resultados do plebiscito no Reino Unido.

Referem-se  a escolha do povo britânico pela saída da União Europeia.

Acreditavam que os vinte e oito países membros relacionavam-se como irmãos sem passado.

Grande erro. A Europa é o continente das guerras e das mais violentas lutas religiosas.

Estas – depois da Segunda Guerra Mundial – foram lançadas no esquecimento.

Todos se perdoaram e a paz seria eterna.

Nada mais juvenil.

Os povos procuram a paz, mas sabem que seus valores e  feitos de seus passados são integrantes de suas histórias e das respectivas personalidades coletivas.

Os britânicos, particularmente, em virtude de suas tradições e de sua geografia insular sempre se mostraram independentes e altivos.

Só ingressaram na União Europeia muitos anos após sua instituição. Jamais aceitaram a moeda comum.

Mantiveram o seu símbolo nacional: a libra esterlina.

Não é, portanto, inusitado o resultado.

Retrata apenas a confirmação do individualismo nacional dos britânicos acrescido da incapacidade dos europeus em resolver os novos problemas oriundos da própria evolução da História.

Os analistas desesperados – da TV e das rádios – deviam ser mais isentos na análise dos resultados eleitorais e passar a examinar os reflexos futuros, particularmente, em nossa América Latina.

Os latino-americanos, de todos os países desta América do Sul, sofreram no período de suas independências e após implantação dos novos Estados nacionais, grande influência inglesa.

Graças aos ingleses, D.João VI deu com seus costados em terras brasileiras. Fundou o estado nacional brasileiro.

Bolivar e os demais libertadores socorreram-se da Inglaterra em seus intentos libertários.

A escravidão foi revogada, na maioria dos países, pela grande pressão inglesa sobre os novos governos.

O comércio internacional, em toda América do Sul, foi incentivado pelos ingleses que, inclusive, criaram a infraestrutura para as mercadorias atingirem os portos marítimos.

Foi assim no Brasil e não é diferente nos demais países deste continente meridional.

A cultura política inglesa sempre serviu de estímulo para as práticas destas plagas.

Brasil e Reino Unido mantêm laços diplomáticos e comerciais extremamente sólidos.

O pensamento político inglês mostrou-se atuante no caminhar de nossas instituições.

Na verdade, com a saída do Reino Unido da  União Europeia, abrem-se novos espaços para os diálogos bilaterais.

Serão dois agora os interlocutores europeus: a  União Europeia e o Reino Unido.

Nos próximos meses as coisas irão se clarear e os derrotistas de plantão – e são tantos – irão constatar que o mundo continua sua caminhada.

Caberá aos homens de boa vontade elaborar acordos bi e multilaterais sem o ônus da burocracia de Bruxelas.

Os povos presam suas independências e suas histórias.

A União Europeia poderá ser considerada excelente para alguns países centrais.

Não será tão adocicada para os demais membros, principalmente aqueles situados na parte meridional do continente europeu.

Os ingleses possuem um alto senso de nacionalidade. Sabem defende-lo. Não seriam agora que iriam rasgar sua bela História.

Foram consultados. Reagiram com a indignação de todo verdadeiro patriota quando sente sua pátria ferida.

O nativismo demonstrado pelos britânicos terá repercussões por toda a parte.

O nativismo – para se evitar a palavra nacionalismo – passará a contar com novo espaço de reflexão.

Já não é sem tempo.

Deus salve a rainha ! E seus súditos.

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