Há canseira no rosto das pessoas. Já não aguentam mais ler e ouvir a respeito de assuntos políticos. É só conflito banal, desgate. Nada positivo.

Os mais velhos estavam acostumados a debates ideológicos. As pessoas assumiam posições. Eram de direita ou de esquerda. Não se admitiam os neutros. A neutralidade era sinônima de covardia. Causava indignação.

Tudo mudou. Agora faltam opções. Todos tornaram iguais. Os programas partidários parecem elaborados em uma única central de conhecimento, a igualdade na mediocridade.

Quando se lutava pela democratização, os partidos buscavam realizar cursos políticos. Iam em busca de intelectuais, operários, professores, analistas e, assim, tentavam criar quadros.

Exatamente isto. Um partido, dentro de uma visão positiva, tem por função gerar personalidades capazes de gerir o Estado. Debater temas de interesse social com qualificação.

Tudo, atualmente, ocorre de forma diferente. Poucos partidos – ou nenhum – realizam cursos a seus membros de maneira regular. Tudo é improvisado.

O lugar do pensamento metódico, o trabalho dos marqueteiros, A simbologia no lugar das ideias. Quando se comparam mensagens televisivas, não se acham diferenças. Tudo igual.

Esta anemia mental se expressa, inclusive, nos parlamentos, Os debates são rústicos e intensa agressividade verbal. Aos menos publicamente. Nos bastidores, à distância, ouve-se o murmúrio dos conchavos.

A sociedade está cansada. Vê suas ruas invadidas por jovens fragilizados pelas drogas. Por adultos enfraquecidos pelos dissabores das lutas sem objetivo.

Restaram poucos espaços para o convívio sadio entre as pessoas. Tudo se transformou em um grande mercado. Vende-se e compra-se tudo. Só o consumismo indica que ainda há vida. É muito pouco.

Ontem nas salas de aula o diálogo sobre posicionamentos gerava lideranças. Concebia pessoas destinadas ao cenário público. Hoje, só se busca o concurso público mais vantajoso. A próxima balada.

Não há afirmações. Ninguém quer se dar mal. O importante é levar vantagem. E, neste cenário, não se salva ninguém. Os empresários, com nobres exceções, procuram, na lei, o que nela não consta. Esperam benesses dos órgãos governamentais. Desesperam-se quando encontram a aplicação pura e real da lei. Uma afronta. Sentem-se ultrajados.

Uma sociedade não pode almejar um destino melhor neste cenário apocalíptico. Vai se dar mal. É inevitável. Após longos períodos de aparente tranqüilidade, os povos levados a agonias morais rompem amarras.

Basta olhar a História. Foi assim em todas as épocas, Não será diferente nestes tempos contemporâneos, Só uma cruzada com forte tendência ética poderá suplantar o atual estado de coisas.

Não é admissível o conflito entre personalidades ocupantes de relevantes posições. Dizem alguns autores que o Judiciário é a aristocracia dos poderes republicanos.

Os seus membros devem se erguer a altura das posições que ocupam. Não podem descer à linguagem desabrida do submundo. Desmerecem a si mesmos e agridem a instituição a que pertencem.

É hora de um basta. Um profundo exame individual de consciência fará bem a todos. Cidadão comum ou dignitário de altos postos. Voltar para o seu próprio interior e constatar que toda pessoa ionte de exemplos.

Estes podem ser de bom reflexo. Ou então geradores de péssimos costumes. Vale a pena parar para pensar.